terça-feira, 29 de dezembro de 2015

aquela sensação de reencontro

então.

esses dias uma mulher que me chamou muita atenção pegou o mesmo ônibus que eu. antes disso a vi chegando no ponto, reluzindo no horizonte. aquela criatura brilha, juro pra vocês.
como já contei, ela sentou no banco da minha frente e desceu num ponto bonitinho em mandaguari.
nesse momento eu pensei: nunca mais verei tal beldade outra vez.
fiquei até triste, quase chorei. uma despedida unilateral.
eis que nessa segunda 28.12.2015 estou descendo pra casa e vejo uma pessoa reluzindo no horizonte. ERA A MULHER MISTERIOSA.
ela atravessou as duas ruas, parou na esquina, esperando o semáforo fechar. eu, sem pensar duas vezes, atravessei outras duas ruas, parei na outra esquina, ainda sem acreditar. nem esperei permissão da luz vermelha, atravessei naquele lugar pelo mero prazer de cruzar o caminho dela. sabia que era ela, mas não tinha certeza. digo, no âmago do meu ser a convicção era certeira. ela não me olhou diretamente (não a partir do momento que olhei no rosto dela), passou tão perto, com uma visão periférica maravilhosa (sei muito bem quando alguém tá usando essa belezinha!), desfilando, olhando no horizonte mas prestando atenção em tudo.
como eu sei?
eu só sei.
ela é dessas pessoas que observam todos os detalhes, que sabem mas fingem não saber, que encantam sem mesmo perceber.
ela deve saber.
eu queria conhece-la.
será que universo irá me proporcionar um terceiro encontro desencontrado?
segui sorrindo pra casa. eu acho que sorri com os olhos, nariz, sobrancelhas e coração. (tava demorando pra citar o coração).
tem certos sorrisos que são como asas, fazendo voar a imaginação.
serei agraciada novamente? eis a questão.

sábado, 12 de dezembro de 2015

paixão de busão

praça raposo tavares, 17:20, maringá/mandaguari

tempo nublado, sol sorrateiro, tímido entre as nuvens.

eu não sei quem era ela. nem nunca saberei.
a praça estava com movimento costumeiro, pessoas pra lá, pessoas pra cá, carros, motos, semáforos e pombos.  de repente no horizonte surge uma moça de cabelos dourados. eu poderia jurar que ela estava brilhando. havia muita luz naquele caminhar. algo nela me fez ficar alguns segundos sob estado de hipnose. sabe quando você vê algo e não acredita? então.
ela ainda estava longe, mas vinha desfilando, convicta. quando aproximou-se, instintivamente desviei o olhar; fiquei sem graça de estar encarando uma pessoa completamente desconhecida, mas estranhamente familiar. pensei que ela fosse passar batida. simplesmente passar, olhar, atravessar, partir.
ela parou no ponto onde eu estava, a duas pessoas de distância. olhei de soslaio pra confirmar. meus pensamentos se voltaram para a questão: "quem é essa pessoa?"
na entrada do ônibus duas pessoas furaram fila, logo em seguida uma outra quis furar, mas barrei a danada com a minha sombrinha (utilidades múltiplas, há!) logo atrás de mim, ao entrar no ônibus, a moça cheia de luz reclama: "que coisa feia furar a fila do ônibus, hein, que feio!"
lembro-me de apenas ter virado pra trás querendo dizer: "AHAZOU, VIADA!" mas de certo meu olhar disse coisas que nem eu mesma sei.
passei feliz a roleta, voltei pra pagar 5 centavos restantes. (de 3,50 pra 3,55...)
sentei num daqueles meus bancos favoritos, que ficam sozinhos ali ao lado da janela, com total controle da janelinha acima. a moça sentou na minha frente. ela mexia na bolsa, arrumava o guarda-chuva, mexia na bolsa, mexia no cabelo, tirava uma coisa da bolsa, parava, procurava outra, arrumava a bolsa no cantinho, procurava outra coisa (risos internos, tava me reconhecendo nessa mulher), até que enfim aninhou-se no banco com seu fone de ouvido e óculos escuros.
eu a observava minuciosamente, porém tentando disfarçar, pois há sempre alguém observando a observadora. era engraçado: ela observava cada pessoa que passava pela roleta. não eram olhares discretos, eram torcidas de pescoço. daquelas bem totais mesmo. nesse momento eu já estava naquela onda de sorrisos internos + encantamento.
passadas alguns quilômetros, soltei os pensamentos para o céu, deixei fluírem feito nuvens. vezenquando meus olhos passeavam em direção a moça na minha frente, principalmente quando ela olhava pra janela. as chances de uma visão periférica estar me alcançando eram imensas. vai saber, né?
enfim, o ônibus entrou na cidade e ela ainda estava lá. passou pela rodoviária e ela ainda estava lá. faltavam poucos minutos pra tentar entender o que essa criatura estava me causando. uma sutil melancolia foi tomando conta de mim, e eu ali, parada no banco, sem entender lhufas daquilo tudo, vi a moça partir. desceu naquele ponto bonitinho onde havia uma casa de madeira.
quis chorar. quis racionalizar. quis não mais entender. quis apenas sentir. e deixar ir.

não sei se era a moça em si. ou se era o que a moça representava. talvez fosse a simbologia humana de tanto fracasso amoroso. talvez fosse a poesia de um dia meio ensolarado. talvez fosse apenas uma moça cheia de luz cruzando a raposo tavares e descendo no ponto bonitinho. talvez fosse a desconhecida que eu mais quis conhecer.
ou talvez fosse o tempo. o ônibus. ou dezembro.

quem sabe?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

inter(rogação)

melancolia
para a psicologia um estado de tristeza extrema.
para a poesia um estado de mergulho às profundezas da existência.

- das coisas que a felicidade não nos deixa ver -

desde cedo, levantava, pensava: o que farei hoje?
de certo iria saudadear. só não tinha coragem de admitir para si mesma.
trôpega, confundiu queda com voo. afinal, qualquer tombo era motivo pra voar.
ao lado esquerdo, vozes falavam sem som. ao lado direito, corpos mexiam em vão.
ideias girando. mundo acabando. pensamentos impiedosos. imaginação cruel.
liberdade seria o total esquecimento. a viagem. a passagem. a partida.
será que é tão difícil entender que a estrutura já não sustenta a bagagem?
pra quem gritar socorro quando os ouvidos inebriados insistem em mascarar?
é o fim. é o começo. é o meio. é algo entre o seilá e o sabe-se lá o que.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

metropolitano maringá/mandaguari

Sábado, por volta das 21:30, entrada de Marialva.

Breu.

Tiver certeza que uma bala atravessaria minha cabeça. Pensava: "Que bosta. Não acredito que vou morrer assim, no meio do nada, a caminho de."
É fato: ninguém nota nossa bagagem na vida; a sacola é invisível aos olhos que não presenciaram.
Segue-se viagem. Nada importa. A roda continua a girar. Quantas pessoas ficaram pra trás? Quantas rotinas foram alteradas? Quantos olhares ficaram perdidos no horizonte?

Conexões momentâneas com pessoas estranhamente familiares, desabafando suposições, suas versões dos fatos, suas memórias, tanta subjetividade interligada, sincronizada...

Saltar degraus. Fechar janela porque outra pessoa sente frio.

A senhora saiu como um tiro pela porta, levando suas latinhas: "Aqui ninguém põe a mão não." Diz a voz convicta da experiência.
A cada parada um olhar desconfiado. A porta que era saída tornou-se entrada de perigo iminente. De repente, não mais que de repente, as luzes longínquas da cidade vertem poesia aparentemente inédita. O piano de Bach já tem sonoridade diferente nos tímidos fones de ouvido. Na rádio pensamento toca a música de quem já passou por mais essa e sobreviveu pra dar risada na cara do perigo.
____

Teardrops - Massive Attack, não reparei o que acontecia até ver pessoas correndo desesperadas pela porta. A energia. O peso. O drama. O terror. Ainda sem saber, corro junto com a multidão de um ônibus lotado, achando que tudo iria explodir. Uma voz mais a frente grita: "Fecha essa porta senão eu enfio a faca no motorista."
Fecha-se a porta em cima das pessoas. Braço roxo. Perna manca.
Vejo alguém com uma faca no pescoço do cobrador. Corro pro fundo com a pequena parcela de pessoas restantes. Sinto um tiro imaginário ecoar no meu cérebro. Efeito de pânico. "Senta aqui do meu lado fia." Diz a senhora em choque. O ônibus começa a se movimentar no breu, rápido, fugaz. Pessoas ficaram pra trás. Olhos estatelados, coração acelerado, pele gelada. Silêncio. Os assaltantes ficaram pra trás. Não choro. Não consigo. Rodoviária, ligações, conexões, suposições, espera. 40 minutos. B.O.
Um ônibus lotado volta pra casa com acentos vazios. As palavras vão se perdendo e os pensamentos entram num redemoinho. A vida inteira passou diante os olhos. Há vida diante os olhos.


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

ONDA

entorpece, sabe?
chega a doer o coração.
não só no sentido figurativo: é uma dor que chega a ser física.
não sei, mas parece que em alguns momentos o peito vai explodir.
já sentiu isso? como se você carregasse algo maior do que poderia imaginar?

é: atraquei nesse cais.
daqui só saio com destino à alto mar!
nas águas ora lúcidas, ora insanas,
ei de me ver refletida nos olhos de uma entidade.

logo no mais tardar,
assim que o sol resolver tocar no horizonte,
sonharemos noites enluaradas
e viajaremos constelações.

tão breve surgirá o amanhecer,
que ao ver o céu tornar-se azul,
revelará tudo aquilo que, vez ou outra,
esquecemos de sentir. 




sábado, 17 de outubro de 2015

Esquecimento


Minha querida, é o seguinte: eu até queria te esquecer, mas ao tentar te esquecer acabo por te lembrar ainda mais. Te reinvento numa memória que chega quase a falhar conforme o passar dos meses.
    De lá pra cá, desde o dia que nunca mais te vi, o inverno se foi, a primavera chegou e já é “quase natal”. Vejo teus olhos em fotografias e me lembro de tê-los visto na minha frente. Não sei se já te disseram, mas tens um olhar de tirar o fôlego. Há algo especialmente peculiar na maneira como enxergas o mundo.



    Meus sonhos já não são os mesmos desde que comecei a fantasiar mil histórias de amor a nosso respeito. Fantasiosas e ridículas, diga-se de passagem. Tu, aí no teu canto, com tua profissão, teu chão, tua vida. Eu aqui, com minhas ilusões, meu diário e vários anseios. Quem diria que o universo me causaria tamanha revolução dentro do peito.
    Sempre aos poucos, após um mergulho nas lembranças, volto com a corda no pescoço. Teu nome grita na rua, na praça, na árvore e no morro. Tua voz sussurra vívida no fundo da consciência. Teus atos pequenos e intrínsecos adentram minha essência. E eu, sem poder mais resistir, me entrego ao turbilhão. E os pensamentos vão chegando, chegando, chegando... numa espiral sem fim e sem piedade.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Sonhei

Meu bem, desculpe.
Mas por que?
Querida flor de margarida, evitei te dizer, naqueles quatro dias em que esteve presente na minha vida durante algumas horas das quais jamais me esquecerei, que fiquei encantada com você.
Evitei dizer que esse encanto foi bem intenso, que te amei imenso, apesar da pouca convivência. Tive medo de te afastar mesmo sem ter tido a chance de me aproximar. Fantasiei histórias mil, adicionei significado extra numa cena que aconteceu de forma tão leve e bela.
Me permiti o deleite de imaginar o que poderia ter acontecido para além daqueles dois encontrões no banheiro. E digo mais: o que poderia ter acontecido naquele bar se mais algumas cervejas tivessem tido tempo de serem absorvidas no âmago da coragem, coração.
Você me deu trabalho pra sair dos pensamentos. Na verdade você não quis sair de jeito nenhum, nem com simpatia, nem com macumba braba. Sabia que toda vez que vou na Vila Olímpica lembro de você? E fico ali, parada no morro de grama, intercalando entre o céu, a piscina e o pôr-do-sol, me perguntando se você talvez fizesse alguma coisa parecida quando morava aqui. Fico até achando que, de repente, vou te ver chegando do outro lado, atravessando a pista como quem flutua num sonho.
Quando eu me pergunto o que está acontecendo, na verdade sei o que está acontecendo. Já cheguei a ver gente por aí e achar que elas fossem você. No mercado, numa peça, até na piscina da Vila. Minha lua geminiana fica me soprando no ouvido interno pra eu buscar uma explicação racional pra tudo isso, ao mesmo tempo que parte dela insiste em dizer que é bom sentir-se assim e que talvez a explicação seja desnecessária. Minha Vênus em Peixes sabe que mergulharei profundamente em amores a vida inteira.
E você, taurina teimosa e amorosa, com esse seu ascendente em aquário que se mostra tão leve e desapegada, saiba que você as vezes passeia pelo cenário mutável dos meus pensamentos. Hoje mesmo sonhei contigo e pude, ainda que em imagens oníricas, olhar nos seus olhos mais uma vez, como se estivessem aqui, com aquele brilho vivo e aquela intensidade que parece ler dentro da alma alheia. Eu esperei, durante quatro dias, o momento que pudesse te dar um abraço. Infelizmente foi um abraço de despedida. Uma despedida que começa num encontro de dois corações. Sei que você foi feliz e sutil pro seu lar, tão longe daqui, dessa Zona 7. Um pedacinho meu você levou. O afeto que me provocastes, querida flor de margarida, ficou.
Te quero bem, ainda que não consiga fluir uma conversa duradoura via chat de facebook. Te agradeço sempre, sempre e sempre, por ter ressignificado minha vida em tão pouco tempo e por ter tornado esse tempo numa passagem bonita das horas.

Gracias pela luz.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

segredos de ventilador

não te olham na cara porque têm medo do que teus olhos possam dizer.
sabem que contam segredos impossíveis de serem verbalizados, impassíveis de serem controlados.
são os olhos, janela da alma, que abrem os caminhos até as raízes do coração.
chegando lá é preciso muito cuidado: ande na ponta dos pés, mas permita que o lençol freático das emoções envolva teus sentidos em suprema totalidade.
deixe-se.
plante-se aqui.
a casa está aberta, você pode entrar.
você pode morar.
você pode fazer um jardim na sala.
mas esqueça a luz do corredor acesa
esqueça...
que vezenquando eu vou acordar pra te ver sonhar.




 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

curva

só risos
sorrisos
encolhidos
no canto da face
escolhidos
na emoção que nasce

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

TROVÃO

Queria te ver, mas daí penso nisso e meu coração dispara, isso não tá certo, não tá nada certo.
E pras cucuias o certo, pras cucuias! Sou toda errada porque ser errada é bom.
Se eu te ver na rua, seilá qual será minha reação, sei que há de ser sincera a minha emoção.
Vou desconcertar, me tornarei água no chão, mas serei leal, honrarei meu coração.
Sentimentalidade pouca não faço muita questão, transbordamento, eis a minha solução.
Se a rima ganha um tom, eu adiciono um som, te vejo nos meus pensamentos, te sinto em imaginação.
A verdade as vezes é água fria, revelando a coragem e impulsionando tal turbilhão.

Já não quero mais saber se isso é bom ou não, me interessa somente palavras desconexas que nascem feito flor no chão, enfeitando a paisagem com bolhas de sabão.
Pra dizer um até logo, eu até faço sermão, só não tiro a mão do bolso, pois escondo a solidão.

MAR SÓLIDO

O problema não é a segunda-feira. São as pessoas. Sou eu.
Quando eu digo que o problema são as pessoas, eu me incluo totalmente nessas pessoas. Tenho plena consciência de que, pelo menos 50% dos problemas, eu mesma ando cultivando, criando, dando vazão, permitindo que floresçam e que criem raízes profundas. Eu sei, não preciso de ninguém pra me dizer isso.
Parece fácil dizer pra alguém vibrar energia positiva, né? Sei que parece. Faço isso muitas vezes, pois sempre que me lembram disso eu agradeço silenciosamente enviando energia de luz.
Com toda certeza que me cabe nesse momento, percebo que também acabo magoando outras pessoas, mesmo sem ter intenção. Tento evitar, mas qualquer coisa é motivo pra um mal entendido. E as vezes esse mal entendido é unilateral, e você acaba punindo a outra pessoa simplesmente pra acalmar seu próprio ego.
Sabe quando as lágrimas ficam entaladas? Quando o nó da garganta já começa a ser usado como acessório e fica ali, pendurado, como se estivesse em casa?
Daí você guarda essas lágrimas, elas vem de novo, você guarda novamente, e de novo, e outra vez, e de novo... até que se tornem sólidas! Então elas acabam não tendo mais como sair. Se tornam um bloco capaz de paralisar até mesmo as batidas do coração.
Desde a tenra idade a gente é ensinada que não pode demonstrar fraqueza, e isso inclui o fato de não se sentir a vontade pra chorar em público. Porque é ali, no meio da movimentação cotidiana, no meio de uma aula, é exatamente aí que surge a maior vontade de chorar, soluçar e deitar em posição fetal.
Ser hipersensível é uma dor brutal, ora pois, por mais que as pessoas te aceitem, elas não conseguem compreender e empatizar. Geralmente você é vista como uma pessoa fraca, que não pode ouvir uma crítica, que não pode perceber a testa alheia franzindo ou que não suporta ouvir a entonação mudando sutilmente. E muitas vezes você é vista como uma pessoa paranoica e inadequada para a sociedade, essa sociedade tão assertiva, tão comunicativa, tão extrovertida e inabalável. Mentira, pura mentira. Todo mundo sente vontade de sumir, é óbvio. Mas todo mundo finge que tá tudo bem, que tá com a razão, que tem uma vida firme e suave pra trilhar. Mentira.
A gente, mais do que nunca, anda chorando pra dentro. E quando eu digo que a gente ANDA chorando pra dentro é porque a gente chora enquanto anda, enquanto pedala, enquanto, dança, enquanto pula corda, enquanto escreve o trabalho, enquanto faz a prova, enquanto toma café, enquanto conversa descontraidamente com os colegas na cantina. E a gente disfarça bem, porque a gente aprendeu a achar a vulnerabilidade uma coisa feia. Estamos decididamente crentes de que o amor, em todas as suas possibilidades, é algo que não merece atenção.

Ai... eu só espero, sinceramente, que possamos nos tratar de semelhante para semelhante, porque iguais não somos e nem nunca seremos. Tratar os outros com um semblante pacífico, sem traçar monólogos mentais a cada palavra dita. Escutar. Mas escutar de verdade! Escutar sem ir tecendo uma resposta, escutar sem julgar, e principalmente, escutar com o sentir. 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O que é preciso parar de comer e o que é preciso comer?

Verter nossa cura no ato de alimentar-se!
Há aproximadamente 2 anos sinto minha saúde indo por água abaixo. Um dos pontos mais críticos, sem sombra de dúvidas, é o estômago! O danado rejeita tudo que sabe ser maléfico para o organismo. (Inclusive o café, amado café e um buscopan no esôfago)
Esses remédios, que são drogas potencialmente perigosas, ainda mais a longo prazo, acabam detonando a possibilidade do nosso organismo reagir e se defender. E os agrotóxicos? E toda a merda nefasta dos produtos industrializados? Eu ainda como chocolate, biscoito, leite condensado, etc etc e tal, sei que isso me faz mal, mas é um vício. Açúcar é uma droga.
Desde a tenra idade sendo estimulada com balinhas coloridas pra afagar o vazio e mascarar a melancolia (tanto a inerente quanto a empírica). Os xaropes faziam a festa na minha corrente sanguínea. De fato, eu atraía doenças e quase morria cada vez que pegava uma gripe. Com a vacina cada vez mais acessível, me tornei adepta. Não porque eu, criança de tudo, tenha dito "me apliquem algo - que não sei bem o que é - nas minhas veias para que eu possa respirar sem tossir a noite toda", mas convenhamos que era mais em conta prevenir do que remediar. Talvez isso tenha abalado toda a infraestrutura. Talvez. (Sim, faço parte da teoria da conspiração).
Dando um salto mortal triplo carpado no tempo; na juventude me vejo diante uma situação na qual necessito tomar medicações fortes, porém não tão fortes quanto tarja preta, mas igualmente prejudiciais a longo prazo. De brinde eu ganhava peso, tonturas, enjoos, vertigens e uma quase hepatite medicamentosa.
(Fico pensando se, na época, eu tivesse a mente aberta para tratamentos alternativos, teria sido tão bom...)
Mas, ok. Além dessas firulas todas, desde meus incríveis dezesseis anos de idade, todos os dias, sistematicamente, metodicamente meia hora antes do café da manhã, preciso tomar um comprimido mágico que mantém minha tireoide funcionando. Meia hora ali, de jejum. É quase nada, eu sei. Mas pensar que é necessário tomar um remédio a vida toda chega a dar certa gastura. Será que não vão descobrir mais nada?
Oh, sim, como poderia me esquecer do saldo final: pedrinhas na vesícula (eu até hoje desconfio que isso era uma lorota e que essas pedrinhas foram para o além, convicta de que meu problema é no estômago, ao lado esquerdo e não no direito, onde fica a tal vesícula inútil).
Em suma, 24 anos colecionando efeitos colaterais. De tudo um tanto. Não é de se espantar, não é mesmo?
Ainda é estranho levar manga e abacaxi no lugar de uma barra de chocolate cheia de qualquer coisa, menos chocolate, por menos de quatro reais. É um hábito necessário e precioso, muito fácil de se perder e mais fácil ainda se "esquecer".
E este corpo, templo meu, casa da minha alma, este corpo que sou, este pedaço de universo merece ter um lindo jardim, uma horta nos fundos e uma janela aberta para deixar a luz entrar, assim, despercebida, sutil, sublime.
E é por isso tudo que me pergunto todos os dias: o que vou fazer hoje no jantar?

quarta-feira, 15 de julho de 2015

- conversa trovada -


 Banalizei-me
Acho que me atrasei para o destino final
Me conta, agora, qual é a porta correta?
Segue até o fim, em linha reta, preste atenção nas setas.
E se o relógio parar?
Pare antes do relógio.
E se o fracasso for inevitável?
Abrace-o.
Quantas vezes ao dia?
Duas: uma pela manhã, outra no início da noite.
E?
Então você deixa ir.
Pra onde?
Não sei.
Mas de que adianta então? Se vai embora, não importa.
Você libera espaço pro inesperado.
E não é perigoso?
É aí que tá a graça. 
Será?
E se?
Talvez.
Provavelmente.



segunda-feira, 13 de julho de 2015

- domingo, 12 de julho, 2015 - tempo duvidoso -


contemplar paisagens, nuances de cores estampadas nas nuvens, passarinho cruzando o céu, pipas flutuantes ao longe.

"Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome"


observar, de dentro do ônibus, a senhora sentada sozinha no ponto de ônibus do outro lado da avenida, segurando firme seu guarda-chuva, de cabeça baixa, talvez olhando seus sapatos, talvez pensando na janta.
observar que observo um senhor observando a senhora no ponto de ônibus, e que provavelmente alguém estava me observando.

"Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus"

pela rua quase deserta, três meninos de rua assistem o futebol do lado de fora do posto, sentados no meio fio. logo adiante uma mulher dorme no chão, mais dois passos e os meninos já crescidos estão sentados noutro meio fio, vendo a vida passar, vendo a vida amargar.

"E vendo doer a fome nos meninos que têm fome"

apesar de poucos carros, eles ainda correm. quando é dia de semana correm mais, correm não sei pra quê, correm não sei pra onde, correm tanto que as vezes morrem.

"E os automóveis correm para quê?"

arrisco ser eu mesma, sem ensaios, sem firulas, sem máscaras, sem armaduras, sem pretensão de agradar ninguém, sem intuito de atrair visibilidade. do avesso, com o coração exposto pra fora, pra quem quiser ver.

"Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro"

"avisa que é de se entregar o viver"

Hoje tirei umas fotos lindas do céu enquanto acontecia o pôr-do-sol. Usei minha câmera ultra sensível de qualidade inigualável: os olhos. Salvei todas na memória, emoldurei e pendurei nas paredes do coração, ao lado esquerdo da razão.
O laranjado no horizonte tinha um certo gosto de sorvete de tangerina, enquanto os tons azulados tinham cheiro de amaciante. A luz dourada ultrapassava as frestas deixadas pelas nuvens, criando a sensação de uma outra dimensão. Quanto mais próximo estava o sol do chão, mais o vento soprava entre as árvores. Os pássaros deslizavam no céu a caminho de casa. A despedida foi feito um abraço cheio de afeto, daqueles que se fosse possível, seria eternizado.
A mudança de tom deixou a mensagem de que, apesar de, a vida continua. 


"E ao amanhã a gente não diz."

sábado, 11 de julho de 2015

ziguezaguear

se você não vem
eu não vou também
e a gente fica então
nesse passe repasse de impasses
não sei lidar
pensei em ligar
coragem, cadê?
queria você.

CENA

minha imaginação fértil é esse teatro cujo cenário eu mesma arquitetei.

desencadeiam-se os fatos conforme a movimentação das atrizes no palco.

a motivação é o piscar de olhos incessante, causado pelas borboletas estomacais.

modificam-se as cortinas afim de obter nova ilusão.

perigo: há sussurros audíveis na coxia.

projeta-se no ciclorama aquilo o que outrora tomava forma de segredo.

três sinais indicam que a hora é agora, tudo de novo, pela primeira vez.
curva que não finda

memórias
da sua cara de mistério
do seu olhar meia lua
das tuas pupilas nuas

histórias
rabiscadas no espaço
desenhadas pelo chão
contadas numa canção

vida em sol maior

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Palavras para um diário imaginário



Acho que é uma inquietação de não conseguir caber nas coisas do jeito que elas são.

Às vezes é uma vontade de sumir. De transcender. De achar que do outro lado é melhor.

É isso de acreditar que existem sempre coisas boas escondidas num dia ruim.

É esse inferno que foi minha adolescência. É verdade, ela não foi pior do que a de muita gente. Mas foi ruim.

Eu sentia que não tinha liberdade pra ser quem eu era. Acho que desde os 12 ou  13 anos, se bem me lembro. Foi nessa idade que tudo se intensificou, mas as questões cresceram comigo enquanto eu brincava de boneca, conversava sozinha, ficava olhando pro "nada" com cara de abobalhada, enquanto eu me sentia sendo arrastada a cada novo trovão durante uma tempestade...
É negatividade isso de lembrar-se das coisas ruins da infância? Digo, eu poderia estar aqui rememorando momentos bons, mas eles não se sobrepõem (pelo menos no momento.).
Aos 4 eu já tinha medo de ir pra escola, medo de não fazer amiguinhos, medo da professora do primeiro pré (tanto é que fugi duas vezes pro segundo pré), enfim, eu era bem medrosa. Mas ao mesmo tempo que era a rainha do medo, também era a rainha da ousadia e petulância. Apanhei muito da vida (e das pessoas) por causa disso. Talvez ter apanhado tenha me feito crescer com ódio. Talvez tenha me feito crescer me projetando num outro lugar, no mundo dos sonhos, da poesia, do amor, da beleza dos sentidos. Mas isso era comum na época. Eu me lembro de ficar impressionada quando alguma amiguinha me dizia: "ah, eu nunca apanhei, nem um tapinha". Entretanto, não é esse o fio da meada.
Como eu estava dizendo, mais ou menos aos 13 anos, fui percebendo mais detalhes do mundo, daquele mundo que eu achava que seria um tiquinho melhor. Nos primeiros anos do então conhecido "ginásio", que era de quinta a oitava série, fui uma menina que ainda continuava aprontando muito, apesar de. Sempre dava meu jeitinho. Não que muitas pessoas gostassem, mas eu era bem teimosa e petulante. Um pouco revoltada também, afinal, adolescência. Antigamente eu era colocada pra fora da sala por conversar demais, mas ao chegar na sétima série, me calei. É assim que lembro.
Daí pra frente a coisa foi ficando feia. O bullying já era uma tendência crescente, e eu, pra não cair na exceção, estava entre as pessoas mais zoadas da turma. Acho que essa foi a segunda grande dose de ódio que se introjetou na minha vida. Eu me agarrava fortemente nas poucas amizades que tinha e nos sonhos de seguir uma carreira artística no futuro. O período dos quinze anos foi horrível. Foi o pior ano da minha vida, sem pestanejar! Foi o ápice da crise de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), depressão e ansiedade (que costumam vir no combo). Um ano inteiro sem saber o que eu tinha, achando que eu estava errada o tempo todo, sentindo coisas que pareciam não vir de mim, me rendendo a rituais dolorosos para afastar pensamentos igualmente dolorosos. Medo. Muito medo. Pavor. Pânico. Sem ar. Querendo realmente estar morta. Sem ninguém pra conversar. Conectada com a solidão. No ano seguinte eu fui salva pela própria crise. Conheci um psiquiatra que vou chamar aqui de Doutor Anafranil (nome do medicamento que eu tomei e que quase me causou uma hepatite medicamentosa a longo prazo). Bem, Dr. Anafranil queria me ajudar, mas ele também queria ganhar o salário dele, obviamente, né amores.
Aos poucos fui simpatizando com este senhor, pois via nele a pessoa que me ajudava a afastar aquelas ‘pavorosidades’ da minha vida. Eu melhorei. Melhorei muito. Eu não pensava que eu pudesse me sentir tão bem de novo. Meus olhos brilharam novamente. Isso aconteceu durante um bom período dos 16 anos, época que estive novamente no primeiro colegial. Eu até voltei a aprontar. Fiz amigas, fiz muita cara feita, fiz tarefa em cima da hora enquanto a professora dava visto no outro lado da sala. Fiz panelinha. Visitei inúmeras vezes a sala da supervisora! Nossa, acho que ela me amava, porque não era possível. Mas tá, muitas vezes eu pedia pra ser repreendida e abusava das desculpas - quase - esfarrapadas. Era complicado, ainda que fosse mais aerado. Eu fui ganhando liberdade outra vez. Mas... (quantos 'mas' possui este texto? te desafio a contar)... então, eu caí lá no fundinho do poço de novo quando conquistei meus maravilhosos 18 anos. Oh, que idade simbólica, meramente simbólica. Nada muda muita coisa, a não ser as pessoas dizendo "você já tem 18 anos e lalalala blablabla nhenhenhe nhe". Na verdade acho que foi na transição dos 18 para os 19.
Desde muito antes eu já nutria paixões platônicas, mas agora eu era uma pessoa perigosa, eu estava disposta a ir atrás delas, custasse o que custasse. Quebrei a cara, lógico, que outra resposta poderia se esperar? Em troca eu ganhei boas doses de aventura. Me relacionei -quase- amorosamente com algumas pessoas, quebrei a cara de novo. De novo. E de novo. Colecionei mais algumas paixões platônicas. Insisti em quem não deveria insistir. Descobri uma in fi ni da de de maneiras para proporcionar diversão. Aliás, esqueci de mencionar que a primeira vez que fiquei bêbada foi aos 18 anos. Sim, eu pulei a adolescência "convencional". Digamos que ela começou nessa época aí.
Com o passar do tempo fui agregando valor ao meu sentimento perante a vida. Queria estar viva. Sentia enorme vontade de enveredar por alguns caminhos, mas não investigava as possibilidades. Muitas vezes voltei a me culpar. Acontece. Passei pela crise dos 21, que irei chamar carinhosamente de "Ou vai, ou racha", aquele momento que você precisa, realmente, refletir qual caminho quer tomar, se quer mesmo tomar e o que está disposta a fazer para realizar os próprios sonhos. Daí você é obrigada, obrigada mesmo, a crescer. E meu bem, isso dói. E desculpe, mas o que vem depois não são só flores. Tem muito espinho envolvido nessa roseira da vida. A gente tem que aprender a lidar, a ter cuidado, a respeitar as emoções, entende-las, sublima-las, permiti-las e deixa-las ir. Temos que entender que algumas ilusões vão virar pó. Que as pessoas vêm com a mesma frequência que vão. Que o amor muitas vezes vai ser unilateral, talvez, com muita sorte, incondicional.
Hoje, aos 24 anos, pisciana, ascendente em leão, lua em gêmeos e muita coisa pra fazer, acho que ainda não sei quase nada. Ainda choro sozinha as vezes. Muitas vezes. Detesto chorar em público. Ainda falo mal da amiguinha vezenquando, mas depois me sinto péssima por isso e percebo que algumas certezas são na verdade projeções. Percebo que numa discussão entre duas pessoas, nem sempre uma precisa estar errada para que a outra esteja certa. Continuo me apaixonando platônica e intensamente. Entendo que há dias em que tudo vai parecer uma bosta, mas noutros dias a luz se fará presente, e nesses momentos penso "aproveita, gata, aproveita que depois passa". Acho que é isso. É essa a vibração. A energia. A frequência. É isso de aproveitar intensamente o momento, treinando a presença total, com o coração exposto pra fora.

"É tudo uma questão de manter a mente quieta, o coração tranquilo e a espinha ereta."

Vivo pela curiosidade.

universo quantico

Tô num momento que não sei qual caminho seguir, qual linguagem e estética irei pesquisar nesses próximos 200 anos.
Enquanto isso a efervescente vontade de teatralizar está corroendo todos os órgãos e rebatendo na alma. É bom e é ruim.
Bom porque há uma infinidade de inquietudes borbulhantes (acho que elas se localizam no estômago, feito borboletas querendo voar). Ruim porque sinto que estou me dividindo em várias pequenas partes, e cada uma delas segue por um caminho diferente. (Sabe que até a parte ruim agora me parece boa? Deve ser essa mania de querer ver o lado bom de tudo.)
Porém, contudo, entretanto, toda via, tenho a certeza absoluta de que das artes jamais me afastarei.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Do que sabemos sem saber que sabemos

Tô com saudades. Eu não deveria estar. Mas estou. O que posso fazer?
Dizer que tentei abafar as erupções internas vai adiantar? Acho que não. Aliás, tentei em vão.
Eu diria que "a coisa" aqui dentro foi crescendo. A cada dia eu dizia: veja bem, vá devagar, não se iluda! E adianta? Claro que não. Tem coisa na vida que quanto mais você tenta evitar, com mais frequência e intensidade elas acontecem.
"Estas pediendo el tiempo pensando..."
Será inevitável mesmo isso de cair dentro de uma situação da qual você sabe que vai sair mal? Ou no mínimo com saudade e com vontade (muita vontade) do que nunca aconteceu?
Vem cá: isso de que com a idade a gente vai aprendendo a não se iludir é pura lorota, né não? Eu tô achando que é.
A gente sabe que tem que pegar a via da direita, mas acaba indo pela esquerda só pra ver o que acontece, assim, por curiosidade, pra alcançar aquelas incertezas inesperadas que resultam em fagulhas de...de...seilá, amor.

terça-feira, 23 de junho de 2015

A tua.

Nina atravessou a rua sem olhar.

Ela diluiu-se no próprio ar, fez das lágrimas seu mais pacífico mar. Reuniu as conchas estampadas com aquelas histórias que ninguém ousa contar; apenas é permitido sentir.

"Sente-se e sinta-se a vontade", insistiu a menina com olhos flamejantes.

Aqui, nessa rua sem nome, suas asas vão abrindo conforme a leveza do vento, para que, imaginariamente, sejam capazes de abraçar toda a existência etérea da flor. Durante cinco segundos, Nina fecha a cortina dos olhos e visualiza sua chegada ao porto seguro do seu mais doce sonho. Quando abrem-se novamente as cortinas, lá está ela: saltando no espaço-tempo como quem brinca de amarelinha.
Esses cinco segundos são na verdade um lugar. Um lugar onde Nina encontra a poesia e a delicadeza de ser. De estar. De viver.

Sim. Ela atravessou a rua sem olhar. Despencou de um precipício que seguia diretamente para os olhos de outro alguém.
Descobriu que, dependendo da intensidade, sua contínua convicção em cair poderia se transformar num voo certeiro, porém jamais premeditado. Poderia, quem sabe, se deparar com o horizonte cheio de palavras não-ditas.

sábado, 20 de junho de 2015

Conjunção Cúmplice

Eu adoro o jeito como você fala sobre as coisas. Amo ouvir teus palpites, ainda que eu não concorde com todos, me provocam reflexão. Algumas das tuas concepções se parecem tanto com as minhas que as vezes chego a pensar que somos uma alma divida em dois corpos por sabe-se lá qual motivo.
E para adicionar mais duas colheres de loucura sã, digo que, menina, a gente se conhece de outras vidas. Sim: outras. (Mais de uma, com certeza.)
Não existe nesse mundo, nem mesmo nessa galáxia, alguém que me faça sentir tanta paz, tanto amor e todo esse turbilhão de emoções.
Lua, Vênus e Júpiter são testemunhas oculares da minha declaração silenciosa. Toda vez que te vejo, o tempestuoso véu anil paira e desliza sobre meu ser. Depois de mais ou menos um ano sinto que preciso te agradecer por me ensinar tanto sobre tudo dessa maneira tão sincera, genuína, verdadeira e encantadora.
(Gracias, Namastê, Merci.)

E eu ainda me pergunto o que você teria dito se tivesse me ouvido. Provavelmente eu iria trepidar nas palavras devido ao coração inevitavelmente acelerado. Talvez você teria me congelado com seus olhos.

É bom. É bom. É realmente muito bom te ver feliz, te ver sorrir, te observar vivendo a vida e reagindo aos fatos todos.
Em algum universo paralelo, no qual as condições sejam favoráveis; nós desfrutamos de um amor recíproco. Talvez nesse universo eu seja um príncipe num cavalo branco. Talvez.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Desabafo expositivo: a greve.

Por muito tempo fiquei me questionando se eu tinha o direito de expor meu lado a respeito da greve. Meu lado como estudante.
Vim morar em Maringá por conta dos estudos, uma vez que gastava em média 3 horas por dia apenas com trajeto: 1 hora para chegar até Maringá, meia hora para chegar até a UEM, mais meia hora pra voltar ao terminal e mais 1 hora pra chegar em Mandaguari. Era extremamente exaustivo e isso me privava de várias oportunidades para meu treinamento como artista.
Depois de um ano inteiro trepidando diariamente dentro de um ônibus superlotado consegui me mudar para essa cidade que parecia ter todas as portas abertas.
(Quanta ingenuidade.)
Achei um prédio no final de uma avenida barulhenta. O aluguel era aceitável e o apartamento amplo com janelas enormes e uma árvore na frente delas. Depois de tanto pesquisar a gente acaba cansando e se agarra na melhor opção momentânea.
Pensei que levaria mais 3 anos aqui até terminar a faculdade de Artes Cênicas. (É claro que o universo tinha algo mais pra colocar no meu caminho.)
Antes de tudo isso, em 2012, desisti na metade do curso; foi uma avalanche de informações para as quais eu não estava preparada. Quando eu olhava para os lados pensando em pedir ajuda para os colegas me via numa posição desconfortável, semelhante ao bullying que sofri por quase toda uma vida. Talvez fosse uma dose de paranoia aqueles olhares desconfiados, tortos e zombeteiros. Talvez eu quisesse pensar que era paranoia porque isso iria doer menos. Parei nas férias do primeiro semestre e resolvi ir pensar na vida. Isso mesmo: PENSAR NA VIDA. Em letras garrafais. Se possível eu faria com que piscassem em neon. É considerado feio parar e apenas pensar. Mas eu precisei. Fui minha própria psicóloga durante 6 meses intensos; tentava decifrar minhas emoções mais obscuras, separar umas das outras e elaborava questões para as quais eu mesma encontrava resposta.
Então depois dessa imensa curva no tempo, depois de trepidar durante um ano, depois de cansar a beleza procurando apartamento, depois de tudo isso, quando chego no terceiro ano da graduação eis que ocorre uma greve. Greve justíssima aliás.
Sei que os direitos dos servidores públicos são menores do que os deveres e que o salário que recebem não corresponde à importância de seu respectivo trabalho. Mas... e os estudantes ficam onde nesse período de greve? O aluguel está caro. São tempos inóspitos para sonhadores. Estou sem aulas e já me sinto sem rumo com a possibilidade de perder um ano inteiro. Não posso assinar um contrato de emprego pois a qualquer momento a greve pode terminar. Não posso trabalhar no bolsa emprego da UEM porque, bem, a UEM está parada. "Ah, mas e a pizzaria, pequena Soph?"
Não consigo me adaptar. "Ah mas quem tem necessidade se vira." Daí eu volto naquela coisa de: não tente encaixar ninguém na sua moldura, na sua ótica de vida.
Com a greve foram embora as aulas, os encontros, os ensaios, a bolsa emprego e ficou uma saudade dos tempos em que estaríamos todos surtando e escrevendo três artigos por semana. Daquele tempo logo ali, no qual sentaríamos na cantina central pra debater trabalhos e desanuviar.
Do meu mais sincero sentir: espero que o reajuste de 8,17% seja feito. Não consigo imaginar o quão desesperador seria para algumas pessoas perder um ano letivo inteiro.
Há luz no fim do túnel? Há túnel?

sábado, 6 de junho de 2015

Modo Contínuo

Se me perguntassem agora o que eu desejo eu diria:

Quero ir embora.
Quero desesperadamente ir embora.
Pra onde?
Já nem sei.
Mas o destino já não mais importa,
Há necessidade de ir.
Então.
Vá.
Então.
Vou.

É preciso estar indo pra conseguir permanecer.
Quando você for, estará aqui,
Presa nas memórias de ensaio,
Guardada num feixe de luz,
Diluída num céu azul.
Se eu ficar, saibas que parti.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Quebra Nós

Um grande nós.
Um grande eu.
Um grande zeus.
Um grande nada.
Um grande tudo.
Pequenez de estante.
Vazio vibrante.
Leveza estonteante.
Embriaguez constante.
Um pequeno bom dia.
Um pequeno sorriso.
Um pequeno deslize.
Um pequeno desvio.
Um pequeno adeus.

sábado, 16 de maio de 2015

Carta desvairada

Flor,

É ridículo. Ridiculice pura. Mas eu sinto que você está passando pelos mesmos dilemas e problemas que eu. Talvez algumas nuances e tonalidades pintem as diferenças sutis.
A impressão que tenho é que você vai atravessar essa tela e seremos ridículas juntas. Vamos rir de peculiaridades e trivialidades enquanto a garrafa de vinho se esvazia.
O abraço será o lugar onde vamos querer morar. Uma viagem para um momento de eternidade. Foi-se.
Alguns silêncios irão se espalhar pelo apartamento (quem sabe pela vida afora). Silêncios preenchidos de si, silêncios agudos, silêncios mudos, silêncios melodiosos, silêncios contemplativos, silêncios adormecidos, silêncios que irão querer dizer tanto, mas que irão apenas ser e sentir.

Infinitas saudades do que não foi.
Com açúcar e afeto; S.

sábado, 2 de maio de 2015

- fases de lua -

Te dou meus sonhos, envoltos em uma fina camada de poeira estelar. Na segunda gaveta da sua distração encontrará a chave para mergulhar em minhas memórias estilhaçadas. Haverá de ser cuidadosa com os passos. Perigo: emoções em ebulição podem causar instabilidade na plataforma. Não entre em pânico.
Flores cairão amavelmente do céu pro chão e do chão pro céu, suavizando toda e qualquer sombra de pânico ou desespero. No andar de cima irá perceber a luz que absorve o ambiente através de duas pequenas janelas, uma à esquerda e outra à direita, por onde também é emitida a frequência quase invisível de um pensamento.

Música para a leitura: ( https://www.youtube.com/watch?v=mtfly9kCzNY )

quarta-feira, 8 de abril de 2015

em tarde ser

fim de tarde I

vivo eu, suponho
entre o meio e o fim
a caminho do começo
na corda banda da vida tênue
entre flores e invernos
pausas e reticências
me elaboro
mas não me concluo

fim de tarde II

o sol na tangente
venta o sentimento
aquilo que eu digo
nunca é o que se escuta
se hoje sou céu nublado
amanhecerei fogo fátuo

(https://www.youtube.com/watch?v=yveWjPz0O18)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Trecho atemporal

Você me afeta com uma seta direta em linha reta. Te olho de relance, deliro um romance furta-cor. (Quando você abre os braços, minha aura viaja e te abraça.)

Teu jeito de se mover pelo espaço é definitivamente uma poesia em forma de dança. Teu olhar me fita, em silêncio meu peito grita.

Fico ao léu tentando uma telepatia momentânea.
Ora, abra seu coração, irei cultivar um jardim de flores azuis regadas com amor, acalmarei suas dores suavemente, tal qual a brisa leve de outono que brinca nos fios dos teus cabelos.

Fala. Fala sempre. Tua voz é melodia enriquecida com palavras etéreas, que nem mesmo o céus poderiam explicar.
(Digamos que meu coração canta uma ópera quando sua atenção se desvia para a minha tímida presença.)

Intensos e subjetivos são os momentos nos quais tua energia cintilante entra em sintonia com a minha vida enluarada. (E sem pedir permissão alguma.)
Isso me afeta.
Então me deixa te afetar.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Agridoce

Como é possível não amargar?
É possível, nessa vida, não amargar de vez em quando ou de quando em sempre?
Não sou minha blusa.
Não sou meu cabelo.
Sou uma casca. Uma casca de limão. Bem amarga e azeda.
Sabe quando o caqui ainda não está maduro e então você morde com vontade, mas depois contorce o rosto de agonia? Essa sou eu.
Não sempre.
Agora.
Essa é a vida as vezes sempre, aos avessos e de quando em quando.

sábado, 21 de março de 2015

deixar-se

deixe ir
observe a folha seca que cai
ela se permite, se esvai de si.
às vezes é preciso se deixar
pra entender um pouco do que se é.
distanciar.
sentir a chuva fina acariciar
sentir as sombras desaparecendo
deixando a luz transpassar
pelo véu etéreo da emoção.
perder-se e reencontrar-se
no trilhos da mesma estação.
deixe ir,
mas não deixe de estar.


(O final de tarde desse equinócio de outono foi mágico, encantador e onírico! Chuva, metade do céu escuro, metade do céu claro e o sol reinando ali no meio, resplandecendo nas nuvens sua luz transcendental. Se há algo para ser dito ou sentindo nesse momento é gratidão imensa por estar viva.)

Foto por mim mesma.


segunda-feira, 16 de março de 2015

NADA


Nós somos um nada. Nós somos um todo.
Das palavras ditas, absorvemos apenas uma pouca porcentagem, consciente ou inconscientemente. Aliás, falando em consciência, essa está em falta. Não por má vontade, mas porque crescemos todos num modelo de vida dentro da caixa, com um roteiro a ser seguido: estudar, estudar, estudar, avaliação, estudar, se tornar produto, ir para o mercado formar novos produtos, casar, ter filhos, cuidar da família e garantir uma vida morna dos 60 em diante. (Nada contra casar e ter filhos, sejam muito felizes!)
Para o inconsciente não existe tempo. Isso é uma coisa que nosso consciente sentiu necessidade de criar pra estabelecer começo meio e fim e ter um rumo pra seguir. O tempo está nas memórias. Portanto, se algo me aconteceu há 15 anos atrás, ainda posso, eventualmente, sentir as dores e mágoas daquele momento. Está tudo aqui conosco. Não há como se livrar, a não ser que você seja uma Clementine de Eternal Sunshine. E acredite: essas memórias são teimosas e vão voltar com a força de um ciclone. O que dá pra fazer é criar barreiras, dar luz para os bons momentos que se foram (e que a gente costuma chamar carinhosamente de felicidade.)
Essa é outra: a tão estimada, idolatrada, venerada felicidade. Não é possível reconhecê-la sem momentos tristes na vida. E talvez seja por isso que as memórias infelizes sempre voltam, pra deixar desenhadinho com lápis de cor e contorno de canetinha: "Mas na verdade não é assim."
As coisas tomam tantas formas. Depende do contexto, do local, de quem fala, quando fala, se fala, etc etc etc etc.
Uma coisa é certa: o que eu falo não é a mesma coisa que você ouve. A gente tem o costume de ver tudo segundo o nosso filtro, a partir da nossa ótica de vida. Colocamos nosso ego lá em cima e esquecemos que somos apenas "dust in the wind" e que independente do esforço, um dia iremos desaparecer.
Portanto, pessoas amáveis e nem tão amáveis assim (sinceridade ultimamente tem sido tomada como ofensa) se envolvam. Permitam-se. Aprofunde os laços humanos tão ralentados nessa vida corrida e instantânea. Mergulhe no contexto do outro ao invés de apenas desejar um "fique bem". É de suma importância perceber que nossas ações atingem outras pessoas e que muitas vezes acabamos por magoa-las com algumas palavras duras, proferidas sem o menor cuidado. Olhe dentro dos olhos, tente ver a alma. Se dê a chance de ouvir o que as pessoas tem a dizer, ainda que não lhe agrade, ainda que a recíproca nunca chegue. (Algumas coisas são incondicionais nessa vida, aceite.)
Não espere que te aconteça um abraço ou simples companhia silenciosa: ofereça. Esteja disponível para o outro. A compreensão íntegra de fraternidade não vem do dia pra noite, mas é possível com muita dedicação.
Seja aquela pessoa que você gostaria de ver no outro. Seja aquela pessoa que o seu Eu Criança desejou que você fosse um dia.
Lembre-se: levamos sempre um pedacinho do outro conosco e o outro leva um pedacinho nosso também.

TE AME.

versinhos sem meio nem fim


como é que faz
pra ser um dia inteiro
pra você passar por mim
gastar horas sem fim
como é que faz
pra eu ser mês de janeiro
e te dar o tempo inteiro
pra você gastar aqui
como é que faz
aqui passar sem fim
janeiro inteiro por mim
oras, você você vai ver

POEIRA NO VENTO

o que você tem me interessa
vamos, não tenha pressa
há um bilhão de estrelas no teu campo de visão
alguma delas irá te causar alguma emoção
ouça bem:
o céu conta um segredo por noite
e faz uma promessa por dia
não se sabe explicar.
aliás, não há nenhuma explicação
tem coisas que não são coisas
descoisadas apenas são!
se por mera distração
deixei os olhos sobre sua presença
perdoe-me
mas
vou como a chuva
não peço licença pra entrar numa janela aberta.


A VIDA É


a vida é uma conversa paralela
a vida é aquela olhada na janela.
a vida é aquela fofoca sobre outra pessoa
aquele momento de insanidade
uma mensagem não respondida
e uma mensagem mal compreendida.
a vida é aquela que não se importa
que quebra a quarta parede
e não diz nada com nada.
a vida é esquisita!
e quem não acompanha a esquisitice
fica presa atrás das grades da normalidade.
e aí sim, a vida passa a ser chata
friamente calculada e insensível.
a vida é a linha tênue
a palavra não dita
o sentimento não compartilhado
e o diálogo nunca travado.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Lista

Algumas poucas aflições emocionais poderiam ser elencadas em questões inquietas:

- E se você soubesse o que é sentir "isso"?
- Já sentiu como se respirasse espinhos ao invés de oxigênio?
- Sua garganta dói durante a noite enquanto tenta sufocar um grito?
- Você já sentiu como se estivesse caindo de um penhasco?
- E enquanto cai, sentiu como se colidisse com o chão frio várias vezes?
- Há um buraco no seu peito que está te engolindo de dentro pra fora?
- Sua bebida favorita é chá de ilusão com duas colheres de decepção?
- Você já pensou na possibilidade de desaparecer?
- Aliás, já pensou na simples possibilidade?
- Digo, já pensou em tentar? Já pensou em arriscar? Já pensou que talvez possa dar certo?
- Consegue sentir o tempo parar quando ocorre "a coisa"?
- Por acaso, assim, num desses insights, já tentou realmente tentar?
- Por que é que a gente tem tanto medo do ridículo?
- Se você pudesse ser uma estação do ano, qual seria?

alma de chuva


hoje eu acordei e percebi que eu não cabia mais dentro de mim
vi que a chuva caía lá fora, da mesma forma que cai aqui
caem meus olhos
cai meu coração
num instante sou água que reflete o céu em poças invisíveis
logo mais sou a própria nuvem refletida, densa, sempre caindo
ancorada numa flor
sem perspectiva de tempo
sei que meu destino é cair, atravessando os frágeis fios da vida
e por hora, arranhei a alma no arame farpado que costurei.
 
 

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ritmo

a água é persistente, corre quilômetros, sabe que encontrará um destino cedo ou tarde, sabe que haverá um lugar onde tudo se transformará.
o sol nasce e se põe todos os dias, oferece sua luz sem pedir nada em troca.
a terra, apesar de, continua a girar, embora carregue consigo algumas dores de tantas vidas.
o vento sopra leve, logo se transforma em tempestade, varrendo tudo o que encontra pela frente, deixando a visão turva e a alma inebriada.
a Lua, as vezes tímida, resolve aparecer por trás das nuvens, revelando segredos que as estrelas desconheciam até então.
e nós, seres humanos, fazemos o que?

Fundo do mar

Aos 13 anos Nina deixou de falar. Preferiu mergulhar no seu silêncio melódico. Sabia que muitas vezes as palavras eram ditas feito canivetes caindo do céu, rasgando o peito de quem ouve sem filtrar. Quis desaparecer tal qual a noite no início do dia, porém decidiu ficar.
Observou que as pessoas falam falam falam falam, respiram, falam e falam de novo. E no final não disseram nada. No final ficou tudo vazio. Percebeu então que a verdadeira essência estava nas entrelinhas, no não-dito, no inefável. Aquilo que deixou de estar, para ser.
- Ela sorriu com os olhos.
Sentou-se na janela e apenas por um momento vislumbrou seus sonhos nas estrelas radiantes. O momento seguinte foi preenchido por pura reflexão de outros fatos sentidos em dias anteriores. Sua memória era um filme feito com direito a trilha sonora.


(https://www.youtube.com/watch?v=kS9SUmAyKWM&list=RDzGDrN7j6esY&index=20)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Etiqueta

Um universo inteiro que conspira,
acaricia o cotidiano com delicadeza
e entorpece com profunda beleza
o ar que filtra as emoções.

Nuvens invisíveis correm sobre nós,
tomando o formato dos nossos sonhos,
dançando no céu; suponho.

E as gotas? Ah! Caem amavelmente sobre a flor,
refletindo feixes de luz intensa.
Sintoma de infinitude. 

A vida sorri com alegria imensa,
e em vão, tenta disfarçar seu desconcerto.
Sabe que a jornada é intensa,
e agradece a cada instante.







sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Pensamentos a respeito de Bauman e sua Vida Líquida

A forma como as coisas estão e são mudam devido a influências mínimas. Isso acaba nos impedindo de formar novas estruturas para dialogar com o novo, pois enquanto estamos nos adaptando surge outra mudança, e outra e outra e outra e temos que nos adaptar quase que instantaneamente, caso contrário perdemos o fio da meada e ficamos para trás. Esse é o maior medo: ficar para trás, perder oportunidade, ser inferior.
O conceito de inferioridade na pós-modernidade ou modernidade líquida é não seguir os padrões impostos e disseminados pela população. Não há uma única pessoa que cria os modelos a serem seguidos, mas todo um conjunto que concorda com aquela proposta e dentro desse aglomerado estamos eu, você, nós. Ninguém está alheio às responsabilidades.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Momento

Nina se entregou numa contemplação celeste e num suspiro quase aliviado e feliz, recitou o mantra secreto em voz baixinha:
- Ainda bem que você existe, ainda bem que você existe, ainda bem que você existe, ainda bem que você existe no mesmo planeta-continente-país-estado-cidade-realidade que eu.
Então, saltando de devaneio em devaneio, percebeu que o brilho imenso das estrelas eram na verdade os olhos da flor, desenhando pétalas no âmago do seu ser, no íntimo dos seus sentimentos mais secretos.

- Ainda bem.