sábado, 14 de fevereiro de 2015

Fundo do mar

Aos 13 anos Nina deixou de falar. Preferiu mergulhar no seu silêncio melódico. Sabia que muitas vezes as palavras eram ditas feito canivetes caindo do céu, rasgando o peito de quem ouve sem filtrar. Quis desaparecer tal qual a noite no início do dia, porém decidiu ficar.
Observou que as pessoas falam falam falam falam, respiram, falam e falam de novo. E no final não disseram nada. No final ficou tudo vazio. Percebeu então que a verdadeira essência estava nas entrelinhas, no não-dito, no inefável. Aquilo que deixou de estar, para ser.
- Ela sorriu com os olhos.
Sentou-se na janela e apenas por um momento vislumbrou seus sonhos nas estrelas radiantes. O momento seguinte foi preenchido por pura reflexão de outros fatos sentidos em dias anteriores. Sua memória era um filme feito com direito a trilha sonora.


(https://www.youtube.com/watch?v=kS9SUmAyKWM&list=RDzGDrN7j6esY&index=20)

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