terça-feira, 31 de dezembro de 2013

- então -

Eu aqui, calada, sentada no canto.
Quando não há ninguém por perto,
então eu canto.

Aqui me desencontro, desapareço.
Logo mais me reencontro,
dentro de mim.

Calada, reprisando o recanto do pranto.
Tantos sorrisos escondidos,
disfarçados.

Sentada, contemplando, observando.
Um sonho passou voando,
sumiu no céu.

Canto, então, quando por perto não há ninguém.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Painel de nuvens

A vida é uma bela poesia. Poesia não é passível de explicação. Poesia é sentimento. Então as palavras vem feito turbilhão, fazem você parar tudo que estava fazendo, até que elas consigam sair e ficarem visíveis aos olhos físicos.

painel de nuvens

várias nuvens, vários tons
chuva que não quer cair
um arco-íris no algodão

uma pintura a cada dia
um pôr-do-sol que inebria
e a luz sorria então

lua, tímida, nas nuvens
cantava a melodia do vento
trazendo pra alma um alento

toda essa água suspensa
chuva que não quer cair
deixando as nuvens imensas

primeiro raio de sol
fez dos olhos um farol
iluminando o pensamento

várias nuvens, vários sons
uma delas está perdida
ridiculamente perdida
profundamente perdida
conscientemente perdida
cotidianamente perdida

chuva que não quer cair

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A vida...



Eu deveria estar fazendo uma resenha, mas estou aqui filosofando sobre a vida. Há pensamentos que só se calam depois de serem despejados sobre o papel (no caso, um papel virtual). E aí, pausa na vida: queremos ter o controle de tudo, não é mesmo?

É sim. E quanto mais nós tentamos controlar os acontecimentos, piores eles se sucedem. Há um bom tempo resolvi viver no modo ‘let it be’, e para a minha surpresa: as coisas têm acontecido de uma forma espontânea, numa cadência bonita. Para todos os cantos que olho, as pessoas estão sendo sugadas por pequeno e poderoso aparelho, que as faz desperdiçar energia em uma realidade apática. Contam os segundos, os minutos, as horas, os dias. Passam-se semanas, meses, anos e décadas. Lá estão elas: preocupadas em se ocupar de passado e futuro, quando esses dois nem sequer existem. O único momento que temos é o presente, só nele podemos desfrutar da intuição, que não é um dom, mas sim uma capacidade de todos os seres, porem poucos buscam aguçar essa forma de percepção.
Dentro dessa obsessão por controle comentemos um erro grave: tentar controlar pessoas, imaginar suas ações e respostas mentalmente e nos darmos ao direito de ficarmos chateados quando elas não correspondem ao ‘roteiro mental’.  A subjetividade nos prega cada peça, fica difícil ser imparcial diante alguma coisa sem dar o nosso tom. Ficamos ali criando milhares de expectativas e quando estamos no presente, ligamos nossas mentes ao passado para agradar no futuro e consequentemente acabamos fracassando e levando uma dose de tristeza nas costas. Por outro lado, se nada estivermos esperando (e olha, é difícil chegar nesse ponto, um exercício diário) poderemos nos deparar com surpresas agradáveis que preenchem a alma com uma bela luz.

Incrível imaginar que ao escrever esse texto estou atravessando o espaço, chegando até outros pensadores, por meio de ondas eletromagnéticas, sem sair da cadeira. Decidi ser atemporal. Decidi que meu corpo não tem idade. Decidi que números não dizem quem eu sou. Enxergo-me na própria contradição, no meio da confusão, perdida entre dimensões desconhecidas, quebrando a corrente que me enforca nesse sistema, me doendo nas dores alheias, sentindo que existo em outros olhares e os outros olhares em mim, encontrando luz em cantos obscuros.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Até onde vai?

Esses dias parei no lado mais alto do parque, a visão era uma cidade verde linda, cheia de árvores, o que me causou um sentimento intenso de paz. Fico aqui pensando se minha pacata cidade resolve (in)voluir e colocar cimento no lugar delas, assim como as outras fizeram, espero que não siga o mal exemplo.
Substituir o verde pelo cinza é um erro tão grave, que se intensifica com o passar dos anos, deveria ser crime.
Estou eu pensando no futuro dos meus filhos e netos? Bom, se o mundo continuar com essa insanidade toda, não creio que meus netos venham a nascer pelo fato de que também não acredito que o planeta aguente no mínimo 30 anos com essa lei da destruição, bem menos até.
Há uma década a temperatura vem aumentando, cada ano mais quente que o outro, e o que se faz? Mais cinzas.
Vai piorar. As belas cidades agraciadas pelo mar vão desaparecer. Não poderemos sair pra passear ao ar livre tamanha será a sua poluição.
Meio grau a mais esse ano, mais um grau ano que vem, dois graus no próximo... é, o mundo não será destruído por um meteoro gigante, nem por aliens, nem tampouco por uma profecia, o mundo vai pegar fogo sozinho, justamente porque nós estamos regando as plantas com alcool e riscando o fósforo.

Sobre um futuro que não conheceremos.

sábado, 27 de julho de 2013

O mundo está ao contrário



A humanidade foi se perdendo, quando você vai falar com alguém e toca nessa pessoa ela se assusta. O ser humano vem sendo robotizado conforme o passar do tempo, não consegue mais fazer nada por conta própria.

Ao invés de plantar a batata no quintal de casa, depois colher e fritar, paga alguém para plantar, alguém para levar até algum lugar de fácil acesso, que seriam as feiras dos produtores e mercados, e paga também para que uma pessoa frite as batatas, que seria o mcdonalds.

Se cada um plantasse o que consome, não precisaríamos trabalhar pra ter o que comer.

Mas e a nossa moradia, quem iria pagar? Ora, tudo poderia muito bem ser divido igualmente, cada pessoa teria direito a um lugar para morar. E o luxo? As riquezas? Mas quem precisa disso?

Há um grande apego a coisas materiais, o que é totalmente desnecessário, que ocupa nossas vidas, nosso tempo e que invade o lugar do que nos torna humanos: as pessoas. A razão de existir está no outro, na sintonia. Não é bom quando alguém nos compreende ou complementa a nossa ideia? Pois então.

Dizem que estamos evoluindo, porem na verdade, estamos involuíndo. Derrubamos árvores para construir caixas de cimento, ao invés de construirmos entre elas. Claro, algumas árvores precisam ser derrubadas, mas automaticamente teriam que se plantar outras 3 no lugar, só que isso não acontece. Estamos destruindo nosso lar, o planeta tem todo o tempo do mundo para se recuperar, nós não.

Vivemos em um sistema falho, cheio de opressão e repressão, temos pessoas raivosas por vários motivos, pela desigualdade dantesca que vemos diariamente. Queremos punir desesperadamente aqueles que fazem mal, mascarar os sintomas para nunca se chegar a raiz da doença, porque trata-la quebraria o tão adornado sistema, empobreceria os chefões e arrancaria o poder das mãos daqueles que nos manipulam feito bonecos.