quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Sonhei

Meu bem, desculpe.
Mas por que?
Querida flor de margarida, evitei te dizer, naqueles quatro dias em que esteve presente na minha vida durante algumas horas das quais jamais me esquecerei, que fiquei encantada com você.
Evitei dizer que esse encanto foi bem intenso, que te amei imenso, apesar da pouca convivência. Tive medo de te afastar mesmo sem ter tido a chance de me aproximar. Fantasiei histórias mil, adicionei significado extra numa cena que aconteceu de forma tão leve e bela.
Me permiti o deleite de imaginar o que poderia ter acontecido para além daqueles dois encontrões no banheiro. E digo mais: o que poderia ter acontecido naquele bar se mais algumas cervejas tivessem tido tempo de serem absorvidas no âmago da coragem, coração.
Você me deu trabalho pra sair dos pensamentos. Na verdade você não quis sair de jeito nenhum, nem com simpatia, nem com macumba braba. Sabia que toda vez que vou na Vila Olímpica lembro de você? E fico ali, parada no morro de grama, intercalando entre o céu, a piscina e o pôr-do-sol, me perguntando se você talvez fizesse alguma coisa parecida quando morava aqui. Fico até achando que, de repente, vou te ver chegando do outro lado, atravessando a pista como quem flutua num sonho.
Quando eu me pergunto o que está acontecendo, na verdade sei o que está acontecendo. Já cheguei a ver gente por aí e achar que elas fossem você. No mercado, numa peça, até na piscina da Vila. Minha lua geminiana fica me soprando no ouvido interno pra eu buscar uma explicação racional pra tudo isso, ao mesmo tempo que parte dela insiste em dizer que é bom sentir-se assim e que talvez a explicação seja desnecessária. Minha Vênus em Peixes sabe que mergulharei profundamente em amores a vida inteira.
E você, taurina teimosa e amorosa, com esse seu ascendente em aquário que se mostra tão leve e desapegada, saiba que você as vezes passeia pelo cenário mutável dos meus pensamentos. Hoje mesmo sonhei contigo e pude, ainda que em imagens oníricas, olhar nos seus olhos mais uma vez, como se estivessem aqui, com aquele brilho vivo e aquela intensidade que parece ler dentro da alma alheia. Eu esperei, durante quatro dias, o momento que pudesse te dar um abraço. Infelizmente foi um abraço de despedida. Uma despedida que começa num encontro de dois corações. Sei que você foi feliz e sutil pro seu lar, tão longe daqui, dessa Zona 7. Um pedacinho meu você levou. O afeto que me provocastes, querida flor de margarida, ficou.
Te quero bem, ainda que não consiga fluir uma conversa duradoura via chat de facebook. Te agradeço sempre, sempre e sempre, por ter ressignificado minha vida em tão pouco tempo e por ter tornado esse tempo numa passagem bonita das horas.

Gracias pela luz.