segunda-feira, 24 de agosto de 2015

segredos de ventilador

não te olham na cara porque têm medo do que teus olhos possam dizer.
sabem que contam segredos impossíveis de serem verbalizados, impassíveis de serem controlados.
são os olhos, janela da alma, que abrem os caminhos até as raízes do coração.
chegando lá é preciso muito cuidado: ande na ponta dos pés, mas permita que o lençol freático das emoções envolva teus sentidos em suprema totalidade.
deixe-se.
plante-se aqui.
a casa está aberta, você pode entrar.
você pode morar.
você pode fazer um jardim na sala.
mas esqueça a luz do corredor acesa
esqueça...
que vezenquando eu vou acordar pra te ver sonhar.




 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

curva

só risos
sorrisos
encolhidos
no canto da face
escolhidos
na emoção que nasce

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

TROVÃO

Queria te ver, mas daí penso nisso e meu coração dispara, isso não tá certo, não tá nada certo.
E pras cucuias o certo, pras cucuias! Sou toda errada porque ser errada é bom.
Se eu te ver na rua, seilá qual será minha reação, sei que há de ser sincera a minha emoção.
Vou desconcertar, me tornarei água no chão, mas serei leal, honrarei meu coração.
Sentimentalidade pouca não faço muita questão, transbordamento, eis a minha solução.
Se a rima ganha um tom, eu adiciono um som, te vejo nos meus pensamentos, te sinto em imaginação.
A verdade as vezes é água fria, revelando a coragem e impulsionando tal turbilhão.

Já não quero mais saber se isso é bom ou não, me interessa somente palavras desconexas que nascem feito flor no chão, enfeitando a paisagem com bolhas de sabão.
Pra dizer um até logo, eu até faço sermão, só não tiro a mão do bolso, pois escondo a solidão.

MAR SÓLIDO

O problema não é a segunda-feira. São as pessoas. Sou eu.
Quando eu digo que o problema são as pessoas, eu me incluo totalmente nessas pessoas. Tenho plena consciência de que, pelo menos 50% dos problemas, eu mesma ando cultivando, criando, dando vazão, permitindo que floresçam e que criem raízes profundas. Eu sei, não preciso de ninguém pra me dizer isso.
Parece fácil dizer pra alguém vibrar energia positiva, né? Sei que parece. Faço isso muitas vezes, pois sempre que me lembram disso eu agradeço silenciosamente enviando energia de luz.
Com toda certeza que me cabe nesse momento, percebo que também acabo magoando outras pessoas, mesmo sem ter intenção. Tento evitar, mas qualquer coisa é motivo pra um mal entendido. E as vezes esse mal entendido é unilateral, e você acaba punindo a outra pessoa simplesmente pra acalmar seu próprio ego.
Sabe quando as lágrimas ficam entaladas? Quando o nó da garganta já começa a ser usado como acessório e fica ali, pendurado, como se estivesse em casa?
Daí você guarda essas lágrimas, elas vem de novo, você guarda novamente, e de novo, e outra vez, e de novo... até que se tornem sólidas! Então elas acabam não tendo mais como sair. Se tornam um bloco capaz de paralisar até mesmo as batidas do coração.
Desde a tenra idade a gente é ensinada que não pode demonstrar fraqueza, e isso inclui o fato de não se sentir a vontade pra chorar em público. Porque é ali, no meio da movimentação cotidiana, no meio de uma aula, é exatamente aí que surge a maior vontade de chorar, soluçar e deitar em posição fetal.
Ser hipersensível é uma dor brutal, ora pois, por mais que as pessoas te aceitem, elas não conseguem compreender e empatizar. Geralmente você é vista como uma pessoa fraca, que não pode ouvir uma crítica, que não pode perceber a testa alheia franzindo ou que não suporta ouvir a entonação mudando sutilmente. E muitas vezes você é vista como uma pessoa paranoica e inadequada para a sociedade, essa sociedade tão assertiva, tão comunicativa, tão extrovertida e inabalável. Mentira, pura mentira. Todo mundo sente vontade de sumir, é óbvio. Mas todo mundo finge que tá tudo bem, que tá com a razão, que tem uma vida firme e suave pra trilhar. Mentira.
A gente, mais do que nunca, anda chorando pra dentro. E quando eu digo que a gente ANDA chorando pra dentro é porque a gente chora enquanto anda, enquanto pedala, enquanto, dança, enquanto pula corda, enquanto escreve o trabalho, enquanto faz a prova, enquanto toma café, enquanto conversa descontraidamente com os colegas na cantina. E a gente disfarça bem, porque a gente aprendeu a achar a vulnerabilidade uma coisa feia. Estamos decididamente crentes de que o amor, em todas as suas possibilidades, é algo que não merece atenção.

Ai... eu só espero, sinceramente, que possamos nos tratar de semelhante para semelhante, porque iguais não somos e nem nunca seremos. Tratar os outros com um semblante pacífico, sem traçar monólogos mentais a cada palavra dita. Escutar. Mas escutar de verdade! Escutar sem ir tecendo uma resposta, escutar sem julgar, e principalmente, escutar com o sentir.