sexta-feira, 25 de abril de 2014

platônica anônima

a tua bela existência
despertou a quintessência
já não posso desvencilhar
o sentimento que me fez brotar

do céu azul crio ilusões
as flores do campo suscitam emoções
o vento teima em fazer recordar
esse etéreo infinito do amar

quem me dera ser agora
a pessoa que te espera lá fora
mas sou a criatura dessa vida irônica
que ama de forma ingenuamente platônica

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Namastê.

Alegria.
Amor.
Ódio.
Ansiedade.
Tranquilidade.
Tristeza.

Alegria pela sua existência. Pelo universo ter lhe colocado no meu caminho. Amor, todas as vezes que penso em ti, todas as vezes que a luz dos nossos olhos se cruzam. Quando sei que você sabe sobre meus pensamentos, e quando penso que sei sobre os seus, nessa misteriosa sintonia.
Ódio quando eu queria ter dito, quando eu queria ter feito, mas não disse e não fiz. Por conta de uma trava que me bloqueia a expressão sentimental. Ansiedade em querer retomar o momento anterior e esperando que o próximo chegue. Ansiedade porque não gosto de feriados, eles afastam sua presença, inserem hiatos nas possibilidades de encontro ao acaso. Tranquilidade, pois, como diria um ditado indiano: todas as situações da nossa vida são perfeitas, tudo o que aconteceu era tudo que poderia ter acontecido. Em alguns momentos todos essas emoções se misturam, são colocadas dentro do liquidificador, batem terrivelmente rápido dentro da minha cabeça, choro então porque elas se chocam, e isso acaba provocando a dor da tristeza.
Mas depois elas se reintegram em um novo núcleo de equilíbrio, reconfiguradas pela crise. O que não serve é apagado.

Em uma distração breve:

Vejo a borboleta amarela voar sobre as arvores, e penso que, eu queria ser uma borboleta. Sim. Ainda que meu voo fosse de apenas um dia. Eu trocaria minha vida de espera por um dia de infinitude.
Todas as estrelas que brilham no céu, brilham por você.
Brilham porque refletem seu olhar.
O vento só acaricia meus sentidos porque também venta em ti, ainda que entre nós exista alguns metros ou quilômetros. A chuva só se tornou poética quando eu soube que ela encantava seu espírito.
A vida se tornou mais colorida. Uma admiração profunda pela sua paz interior, e também pelos seus momentos de mudança no humor. Pela sua vontade de mudar o mundo, começando por você mesma e por quem está ao seu redor. Pela sua força de colocar as ideias em prática. Pela sua forma de absorver conhecimento e ser capaz de transmiti-lo com tanta riqueza.

Tudo o que posso dizer ao final de tudo isso é um sincero e silencioso: NAMASTÊ.

terça-feira, 15 de abril de 2014

O avesso do lado de dentro.

De dentro, para dentro, do avesso ao lado de dentro.
Queria conseguir verbalizar todas as formas e imagens que se formam no meu pensamento. (O nó se instala na garganta. Os óculos embaçam.)
Do fundo do coração, queria dizer o que sinto. E quando sinto. Mas jamais explicar o porquê sinto. Acontece que existe uma trava entre as palavras que se formam no meu interior e a ação de expurga-las em idéias verbais (daquelas que façam um mínimo de sentido e conexão com o contexto.) Já faz tanto tempo que calei, nessa vida pra dentro, nesse amontoado de pensamentos barulhentos, que ora não me deixam dormir, ora me tiram do momento presente e me arrastam para outro mundo. Mundo este que conheço tão bem, mas que gostaria de transpor suas cores para o exterior.
Dói.
Profundamente. Daquelas dores de arrasar qualquer um.
Esse incomodo em querer estar aí fora como todos estão (e dizer todos já é um engano, nem todos estão), essa vontade de querer ser parte de algo e estar aparte de tudo. Sinto que estou na tangente, perambulando pelas bordas da minha existência. Ás vezes encontro um precipício, é quase como o fim do caminho; me agarro com toda a força em um galho de árvore, tentando evitar a queda. É claro, as vezes esse galho quebra, eu caio, causando desconforto no território alheio. E dói novamente, porque não sei explicar como isso aconteceu, sendo que tinha certeza de ter me agarrado no galho certo.
Para todo túnel existe uma luz. São raras as vezes que encontro essa iluminação tão branda no campo das minhas idéias: me expresso dentro do contexto, respondo, afirmo, duvido e pondero. Logo mais, há uma pausa que me obriga a filosofar internamente sobre o fato ocorrido, e pronto, estou lá de novo: do lado de dentro.
Uma sensação que é ridícula, um medo inexplicável, uma falta de jeito pra lidar com as interações sociais. Um comportamento bobo, de não saber o que e quando dizer, ou fazer.
Reprisando o passado, vejo que nunca aprendi. E se fosse esperar que me ensinassem, estaria condenada a escuridão total. Então, em meio a tanta confusão, criei meu modo de lidar. Ainda que não seja um modo padronizado de convivência, é autêntico. Ainda que eu não consiga expressa-lo em muitas situações na vida, não desisto de tentar.
Fico me questionando, enquanto ando pela rua escura e pouco movimentada, se há muitas outras pessoas que se sentem assim.
Assim. Exatamente assim: com vontade de abraçar e não ter coragem, com vontade de dizer "eu me importo" e não conseguir, por conta de um medo insólito. Essa "ação interior" que jamais se exterioriza. Essa vontade constate de puxar um assunto, pedir desculpas, perguntar se está tudo bem, saber qual foi o mal entendido. Saber se eu magoei, mesmo que eu não tenha tido a intenção. Mas a vontade sem a coragem já é uma lástima.
Creio que, agora, é questão de, no sentido mais figurativo da palavra: quebrar a cara. Chutar o balde.

Há dias em que não estamos bem. Nesses dias sinto vontade de sumir, embora isso seja um imenso clichê da crise existencial que todos nós provamos vez ou outra na vida. Largar tudo, correr pro meio da floresta, viver plenamente com um animal. Animal que sou. O mundo está sendo enterrado vivo, me sinto impotente. Tenho vontade de chorar o dia todo quando vejo uma árvore sendo derrubada. Minha alma se estilhaça ao ver a apatia no olhar opaco de quem passa por um ser e o despreza. É nesse momento, de estarrecimento e perplexidade diante esse sistema podre que adulamos, que me faltam até as palavras escritas.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Memória.



Hoje pude ver suas linhas de expressão, bem embaixo do olho esquerdo, pois você estava de perfil. Acredito que no olho direito também existam algumas, tão sutis quanto no outro.
Transmitiu paz com o olhar, como de costume, cativando meus sentidos. O abraço de alguns segundos é eterno, inegavelmente atemporal.
Sensações que ficam ao te ver partir. Sensações que levo quando estou partindo.
A voz é de um encantamento capaz de entorpecer. O sorriso se esboçando no canto da boca contagia. Então sorrio; às vezes por fora, às vezes por dentro, às vezes sorrio com a alma, ou com a junção disso tudo.
Magia é o momento em que sua presença encontra-se no mesmo espaço em que estou. Ainda que não esteja presente fisicamente, imagino e, logo em seguida, sinto a sua respiração através do vento calmo que entra pela janela entreaberta.
O universo conspira a favor dos delírios meus.