quinta-feira, 28 de agosto de 2014

energia transmutável

meu coração saiu pela boca
engoli de volta
estancou na aorta
trepidou incontrolável
fez meu corpo transcender
até o caminho que me leva a você
etérea presença
um abraço abstrato
amor contido em palavras
transmitido em olhares
cinco segundos
triangulações
lampejos
chove aqui dentro
são gotas de cristal
iluminam o espaço
momentos em que nada se sabe
nada se pretende saber
tudo É

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Não leia.

Eu me arrumei, você nem viu. Pretendia, mas não fluiu. Você se arrumou, eu vi. Observei de longe, como uma alma que paira entre os demais sem que percebam.
Tudo que faço, penso em você. Ridícula. Sou ridícula sim. Admito.
Sinto vontade em te deixar saber sobre minhas sentimentalidades... mas isso incluiria algo totalmente imprevisível. Pois se cogito a possibilidade de que irá gostar ou desconfiar, logo elas não serão mais possíveis. Serão imaginação.
Ah, o que fazer?
Tudo o que digo é tão subjetivo que nem mesmo você desconfiaria ao ler. Ou eu penso que não desconfia quando na verdade desconfia mas sem desconfiar, desconfiando que desconfia de algo não desconfiável.
Descobri que tentar ao máximo me assusta. (E não seria assustador alguém te dizer o quão incrível você é?)
E se?
E se eu pudesse simplesmente (simples e complexo ao mesmo tempo) dizer olhando nos teus olhos (e desviando um pouco também, talvez olhando para o céu) que sinto AMOR? O quão assustador é isso nesses dias "de hoje"? Você acreditaria se eu dissesse que mesmo tendo certeza de um sonoro NÃO, continuaria desejando a sua felicidade?
Creio que isso pareça um conto de fadas. Um filme. Uma novela, talvez.

Se eu pudesse transformar todos os seus dias em poesia, eu o faria. Se me permitisse, é claro. Mas isso tem sido possível apenas nos sonhos... E se a vida é sonho, meu sonho é uma realidade. (E a realidade é um sonho?)
Me fascina quando você se diverte. Me encanta de tal forma que eu conseguiria apenas demonstrar em desconcerto, gestos claros e olhar transparente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sentimento

Sabe... o amor nasceu sem me deixar perceber. Tal qual uma flor que nasce entre arvores frondosas.
(Nem ouso mais nomear.)
Tão singelo que pude me dar conta apenas quando já estava totalmente mergulhada nesse encantamento. Jamais poderia imaginar que a partir de uma crescente admiração surgiria esse tal sentimento.
Me recordo de ter escrito, uma única vez, sobre o que chamo de "encontro armado pelo universo".. de ter detalhado o quanto me senti imergida naquela troca de energia. (Foi o dia em que um pedaço meu foi com você e um pedaço seu veio comigo.) Uma felicidade tímida e incompreendida tomou conta do meu ser.
A cada dia mais.
E mais.
E mais.
Nunca menos.
Fui entendendo o que significava desejar bem à uma pessoa de forma incondicional. Em um estalo, numa súbita tomada de consciência, percebi então que o sentimento havia crescido, impossível de ser medido, controlado ou desfeito. Era como magia: uma vez feita, jamais desfeita.
Cresceram flores no meu coração. De todas as cores. Regadas a palavras carinhosas, respeitosas e sinceras. Floresceram sorrindo, pois encontraram luz no caminho.
Quis negar a princípio, vislumbrei o céu e me questionei: estaria eu ficando definitivamente louca? (Enquanto isso o vento frio soprava, as árvores dançavam, o céu de gelo refletia estrelas e a lua estava distante. Lembro-me de um nó na garganta ao admitir.
Ainda tenho comigo a sensação de começar a tentar antes mesmo de saber que estava tentando. Meu subconsciente já sabia. Meu coração já sabia. Minha alma sente.


Quando seu olhar encontra com o meu, me sinto em casa. Sinto que poderia ficar ali, sem pensar em mais nada, apenas sentindo.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Deixe a máscara cair.

É muito fácil usar palavras frias para dizer que não se importa com o corpo alheio fora do padrão. Mais fácil ainda dizer que não irá julgar, quando isso já está programado para ser feito no nosso núcleo de conceitos. E como é difícil quebrar esse núcleo e adicionar as informações periféricas.
(Embora eu saiba que lá no fundo, nos pensamentos mais obscuramente escondidos, as pessoas pensam, julgam, invejam, criticam, desfazem. Ainda que sozinhas, com elas mesmas...)
Seria mais digno dizer: "Eu vou olhar e vou refletir a respeito, algumas coisas não irão me agradar, mas olha, não é por pura crueldade, é que cresci numa sociedade doente." Sociedade que está acostumada a procurar apenas defeitos, excluindo os que não se encaixam. Seria hipocrisia da minha parte pintar uma imagem de que não falo mal de ninguém e que simpatizo com todo mundo. (Aliás, nem simpática faço questão de ser.)
Prefiro a sinceridade. (Não confundir com grosseria desmedida.) É melhor do que tentar se adequar à um rótulo preconcebido. Sim, as pessoas criam expectativas em cima das outras, esperam que elas sejam isso ou aquilo, quando na verdade todos estamos em constante transformação.

Sufocante te pintarem como "uma pessoa roxa", quando na verdade você é uma pessoa furta-cor. E o mais incrível: as vezes a gente sente necessidade de cumprir essa expectativa, pretendendo não desagradar, deixando de lado a espontaneidade.

Deixe a máscara cair.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Flores para Betty.

Obrigada Betty Buringa, por transformar minha vida na mais sublime poesia. Por dar vazão aos meus sentimentos contidos. Obrigada imensamente, Betty, por me aguçar a percepção e demorar mais na sensação, por me criar a coragem de olhar fundo nos olhos. É o momento em que me perco para conseguir me encontrar e me perder de novo nesse looping infinito.
E a crescente liberdade em expressar minha loucura? Deixando escapar toda a minha insanidade, com o coração na mão.
Coração.
Amor.
Sentir.
Sinto que estou voando entre as pessoas, sinto que há vida. Aprendi a  mergulhar profundamente em cada momento e extrair deles a mais profunda essência.
Pra ser bem sincera, eu nem vejo mais os dias passarem. Os caminhos se tornaram mais floridos, o céu mais encantador e a caminhada um voo.

Ah, sim! Obrigada pelas flores.

(P.s. Betty Buringa é minha versão palhaça.)

domingo, 17 de agosto de 2014

Loucura

(Parágrafo, travessão)

A loucura é abrangente
Afeta involuntariamente
Com uma lucidez criativa

(Pausa, exclamação)

Impossível de ser medida
Descompassa o coração
Sem ordem nem solução

(Vírgula)

Um desespero contente
Há intuito complacente
Sem explicação de ser

(Reticências)

sábado, 2 de agosto de 2014

Delírio cotidiano

Olhos que liberam raios cósmicos e me fuzilam com um clarão. Confesso que eu adoro morrer assim, petrificada por esse encantamento. Me transformo em água, vazo pelo chão, evaporo e viro nuvem que ameaça chover pela noite.
Transmutação para reviver ao amanhecer de um sorriso. Sentindo que a vida vale ser vivida, pois há a essência da sua presença costurada à minha, de forma oculta, tímida e subjetiva. Tal qual um sonho lúcido, no qual posso escolher a opção: jamais sofrer de ausências.