segunda-feira, 16 de março de 2015

NADA


Nós somos um nada. Nós somos um todo.
Das palavras ditas, absorvemos apenas uma pouca porcentagem, consciente ou inconscientemente. Aliás, falando em consciência, essa está em falta. Não por má vontade, mas porque crescemos todos num modelo de vida dentro da caixa, com um roteiro a ser seguido: estudar, estudar, estudar, avaliação, estudar, se tornar produto, ir para o mercado formar novos produtos, casar, ter filhos, cuidar da família e garantir uma vida morna dos 60 em diante. (Nada contra casar e ter filhos, sejam muito felizes!)
Para o inconsciente não existe tempo. Isso é uma coisa que nosso consciente sentiu necessidade de criar pra estabelecer começo meio e fim e ter um rumo pra seguir. O tempo está nas memórias. Portanto, se algo me aconteceu há 15 anos atrás, ainda posso, eventualmente, sentir as dores e mágoas daquele momento. Está tudo aqui conosco. Não há como se livrar, a não ser que você seja uma Clementine de Eternal Sunshine. E acredite: essas memórias são teimosas e vão voltar com a força de um ciclone. O que dá pra fazer é criar barreiras, dar luz para os bons momentos que se foram (e que a gente costuma chamar carinhosamente de felicidade.)
Essa é outra: a tão estimada, idolatrada, venerada felicidade. Não é possível reconhecê-la sem momentos tristes na vida. E talvez seja por isso que as memórias infelizes sempre voltam, pra deixar desenhadinho com lápis de cor e contorno de canetinha: "Mas na verdade não é assim."
As coisas tomam tantas formas. Depende do contexto, do local, de quem fala, quando fala, se fala, etc etc etc etc.
Uma coisa é certa: o que eu falo não é a mesma coisa que você ouve. A gente tem o costume de ver tudo segundo o nosso filtro, a partir da nossa ótica de vida. Colocamos nosso ego lá em cima e esquecemos que somos apenas "dust in the wind" e que independente do esforço, um dia iremos desaparecer.
Portanto, pessoas amáveis e nem tão amáveis assim (sinceridade ultimamente tem sido tomada como ofensa) se envolvam. Permitam-se. Aprofunde os laços humanos tão ralentados nessa vida corrida e instantânea. Mergulhe no contexto do outro ao invés de apenas desejar um "fique bem". É de suma importância perceber que nossas ações atingem outras pessoas e que muitas vezes acabamos por magoa-las com algumas palavras duras, proferidas sem o menor cuidado. Olhe dentro dos olhos, tente ver a alma. Se dê a chance de ouvir o que as pessoas tem a dizer, ainda que não lhe agrade, ainda que a recíproca nunca chegue. (Algumas coisas são incondicionais nessa vida, aceite.)
Não espere que te aconteça um abraço ou simples companhia silenciosa: ofereça. Esteja disponível para o outro. A compreensão íntegra de fraternidade não vem do dia pra noite, mas é possível com muita dedicação.
Seja aquela pessoa que você gostaria de ver no outro. Seja aquela pessoa que o seu Eu Criança desejou que você fosse um dia.
Lembre-se: levamos sempre um pedacinho do outro conosco e o outro leva um pedacinho nosso também.

TE AME.

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