quarta-feira, 29 de julho de 2015

O que é preciso parar de comer e o que é preciso comer?

Verter nossa cura no ato de alimentar-se!
Há aproximadamente 2 anos sinto minha saúde indo por água abaixo. Um dos pontos mais críticos, sem sombra de dúvidas, é o estômago! O danado rejeita tudo que sabe ser maléfico para o organismo. (Inclusive o café, amado café e um buscopan no esôfago)
Esses remédios, que são drogas potencialmente perigosas, ainda mais a longo prazo, acabam detonando a possibilidade do nosso organismo reagir e se defender. E os agrotóxicos? E toda a merda nefasta dos produtos industrializados? Eu ainda como chocolate, biscoito, leite condensado, etc etc e tal, sei que isso me faz mal, mas é um vício. Açúcar é uma droga.
Desde a tenra idade sendo estimulada com balinhas coloridas pra afagar o vazio e mascarar a melancolia (tanto a inerente quanto a empírica). Os xaropes faziam a festa na minha corrente sanguínea. De fato, eu atraía doenças e quase morria cada vez que pegava uma gripe. Com a vacina cada vez mais acessível, me tornei adepta. Não porque eu, criança de tudo, tenha dito "me apliquem algo - que não sei bem o que é - nas minhas veias para que eu possa respirar sem tossir a noite toda", mas convenhamos que era mais em conta prevenir do que remediar. Talvez isso tenha abalado toda a infraestrutura. Talvez. (Sim, faço parte da teoria da conspiração).
Dando um salto mortal triplo carpado no tempo; na juventude me vejo diante uma situação na qual necessito tomar medicações fortes, porém não tão fortes quanto tarja preta, mas igualmente prejudiciais a longo prazo. De brinde eu ganhava peso, tonturas, enjoos, vertigens e uma quase hepatite medicamentosa.
(Fico pensando se, na época, eu tivesse a mente aberta para tratamentos alternativos, teria sido tão bom...)
Mas, ok. Além dessas firulas todas, desde meus incríveis dezesseis anos de idade, todos os dias, sistematicamente, metodicamente meia hora antes do café da manhã, preciso tomar um comprimido mágico que mantém minha tireoide funcionando. Meia hora ali, de jejum. É quase nada, eu sei. Mas pensar que é necessário tomar um remédio a vida toda chega a dar certa gastura. Será que não vão descobrir mais nada?
Oh, sim, como poderia me esquecer do saldo final: pedrinhas na vesícula (eu até hoje desconfio que isso era uma lorota e que essas pedrinhas foram para o além, convicta de que meu problema é no estômago, ao lado esquerdo e não no direito, onde fica a tal vesícula inútil).
Em suma, 24 anos colecionando efeitos colaterais. De tudo um tanto. Não é de se espantar, não é mesmo?
Ainda é estranho levar manga e abacaxi no lugar de uma barra de chocolate cheia de qualquer coisa, menos chocolate, por menos de quatro reais. É um hábito necessário e precioso, muito fácil de se perder e mais fácil ainda se "esquecer".
E este corpo, templo meu, casa da minha alma, este corpo que sou, este pedaço de universo merece ter um lindo jardim, uma horta nos fundos e uma janela aberta para deixar a luz entrar, assim, despercebida, sutil, sublime.
E é por isso tudo que me pergunto todos os dias: o que vou fazer hoje no jantar?

quarta-feira, 15 de julho de 2015

- conversa trovada -


 Banalizei-me
Acho que me atrasei para o destino final
Me conta, agora, qual é a porta correta?
Segue até o fim, em linha reta, preste atenção nas setas.
E se o relógio parar?
Pare antes do relógio.
E se o fracasso for inevitável?
Abrace-o.
Quantas vezes ao dia?
Duas: uma pela manhã, outra no início da noite.
E?
Então você deixa ir.
Pra onde?
Não sei.
Mas de que adianta então? Se vai embora, não importa.
Você libera espaço pro inesperado.
E não é perigoso?
É aí que tá a graça. 
Será?
E se?
Talvez.
Provavelmente.



segunda-feira, 13 de julho de 2015

- domingo, 12 de julho, 2015 - tempo duvidoso -


contemplar paisagens, nuances de cores estampadas nas nuvens, passarinho cruzando o céu, pipas flutuantes ao longe.

"Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome"


observar, de dentro do ônibus, a senhora sentada sozinha no ponto de ônibus do outro lado da avenida, segurando firme seu guarda-chuva, de cabeça baixa, talvez olhando seus sapatos, talvez pensando na janta.
observar que observo um senhor observando a senhora no ponto de ônibus, e que provavelmente alguém estava me observando.

"Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus"

pela rua quase deserta, três meninos de rua assistem o futebol do lado de fora do posto, sentados no meio fio. logo adiante uma mulher dorme no chão, mais dois passos e os meninos já crescidos estão sentados noutro meio fio, vendo a vida passar, vendo a vida amargar.

"E vendo doer a fome nos meninos que têm fome"

apesar de poucos carros, eles ainda correm. quando é dia de semana correm mais, correm não sei pra quê, correm não sei pra onde, correm tanto que as vezes morrem.

"E os automóveis correm para quê?"

arrisco ser eu mesma, sem ensaios, sem firulas, sem máscaras, sem armaduras, sem pretensão de agradar ninguém, sem intuito de atrair visibilidade. do avesso, com o coração exposto pra fora, pra quem quiser ver.

"Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro"

"avisa que é de se entregar o viver"

Hoje tirei umas fotos lindas do céu enquanto acontecia o pôr-do-sol. Usei minha câmera ultra sensível de qualidade inigualável: os olhos. Salvei todas na memória, emoldurei e pendurei nas paredes do coração, ao lado esquerdo da razão.
O laranjado no horizonte tinha um certo gosto de sorvete de tangerina, enquanto os tons azulados tinham cheiro de amaciante. A luz dourada ultrapassava as frestas deixadas pelas nuvens, criando a sensação de uma outra dimensão. Quanto mais próximo estava o sol do chão, mais o vento soprava entre as árvores. Os pássaros deslizavam no céu a caminho de casa. A despedida foi feito um abraço cheio de afeto, daqueles que se fosse possível, seria eternizado.
A mudança de tom deixou a mensagem de que, apesar de, a vida continua. 


"E ao amanhã a gente não diz."

sábado, 11 de julho de 2015

ziguezaguear

se você não vem
eu não vou também
e a gente fica então
nesse passe repasse de impasses
não sei lidar
pensei em ligar
coragem, cadê?
queria você.

CENA

minha imaginação fértil é esse teatro cujo cenário eu mesma arquitetei.

desencadeiam-se os fatos conforme a movimentação das atrizes no palco.

a motivação é o piscar de olhos incessante, causado pelas borboletas estomacais.

modificam-se as cortinas afim de obter nova ilusão.

perigo: há sussurros audíveis na coxia.

projeta-se no ciclorama aquilo o que outrora tomava forma de segredo.

três sinais indicam que a hora é agora, tudo de novo, pela primeira vez.
curva que não finda

memórias
da sua cara de mistério
do seu olhar meia lua
das tuas pupilas nuas

histórias
rabiscadas no espaço
desenhadas pelo chão
contadas numa canção

vida em sol maior

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Palavras para um diário imaginário



Acho que é uma inquietação de não conseguir caber nas coisas do jeito que elas são.

Às vezes é uma vontade de sumir. De transcender. De achar que do outro lado é melhor.

É isso de acreditar que existem sempre coisas boas escondidas num dia ruim.

É esse inferno que foi minha adolescência. É verdade, ela não foi pior do que a de muita gente. Mas foi ruim.

Eu sentia que não tinha liberdade pra ser quem eu era. Acho que desde os 12 ou  13 anos, se bem me lembro. Foi nessa idade que tudo se intensificou, mas as questões cresceram comigo enquanto eu brincava de boneca, conversava sozinha, ficava olhando pro "nada" com cara de abobalhada, enquanto eu me sentia sendo arrastada a cada novo trovão durante uma tempestade...
É negatividade isso de lembrar-se das coisas ruins da infância? Digo, eu poderia estar aqui rememorando momentos bons, mas eles não se sobrepõem (pelo menos no momento.).
Aos 4 eu já tinha medo de ir pra escola, medo de não fazer amiguinhos, medo da professora do primeiro pré (tanto é que fugi duas vezes pro segundo pré), enfim, eu era bem medrosa. Mas ao mesmo tempo que era a rainha do medo, também era a rainha da ousadia e petulância. Apanhei muito da vida (e das pessoas) por causa disso. Talvez ter apanhado tenha me feito crescer com ódio. Talvez tenha me feito crescer me projetando num outro lugar, no mundo dos sonhos, da poesia, do amor, da beleza dos sentidos. Mas isso era comum na época. Eu me lembro de ficar impressionada quando alguma amiguinha me dizia: "ah, eu nunca apanhei, nem um tapinha". Entretanto, não é esse o fio da meada.
Como eu estava dizendo, mais ou menos aos 13 anos, fui percebendo mais detalhes do mundo, daquele mundo que eu achava que seria um tiquinho melhor. Nos primeiros anos do então conhecido "ginásio", que era de quinta a oitava série, fui uma menina que ainda continuava aprontando muito, apesar de. Sempre dava meu jeitinho. Não que muitas pessoas gostassem, mas eu era bem teimosa e petulante. Um pouco revoltada também, afinal, adolescência. Antigamente eu era colocada pra fora da sala por conversar demais, mas ao chegar na sétima série, me calei. É assim que lembro.
Daí pra frente a coisa foi ficando feia. O bullying já era uma tendência crescente, e eu, pra não cair na exceção, estava entre as pessoas mais zoadas da turma. Acho que essa foi a segunda grande dose de ódio que se introjetou na minha vida. Eu me agarrava fortemente nas poucas amizades que tinha e nos sonhos de seguir uma carreira artística no futuro. O período dos quinze anos foi horrível. Foi o pior ano da minha vida, sem pestanejar! Foi o ápice da crise de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), depressão e ansiedade (que costumam vir no combo). Um ano inteiro sem saber o que eu tinha, achando que eu estava errada o tempo todo, sentindo coisas que pareciam não vir de mim, me rendendo a rituais dolorosos para afastar pensamentos igualmente dolorosos. Medo. Muito medo. Pavor. Pânico. Sem ar. Querendo realmente estar morta. Sem ninguém pra conversar. Conectada com a solidão. No ano seguinte eu fui salva pela própria crise. Conheci um psiquiatra que vou chamar aqui de Doutor Anafranil (nome do medicamento que eu tomei e que quase me causou uma hepatite medicamentosa a longo prazo). Bem, Dr. Anafranil queria me ajudar, mas ele também queria ganhar o salário dele, obviamente, né amores.
Aos poucos fui simpatizando com este senhor, pois via nele a pessoa que me ajudava a afastar aquelas ‘pavorosidades’ da minha vida. Eu melhorei. Melhorei muito. Eu não pensava que eu pudesse me sentir tão bem de novo. Meus olhos brilharam novamente. Isso aconteceu durante um bom período dos 16 anos, época que estive novamente no primeiro colegial. Eu até voltei a aprontar. Fiz amigas, fiz muita cara feita, fiz tarefa em cima da hora enquanto a professora dava visto no outro lado da sala. Fiz panelinha. Visitei inúmeras vezes a sala da supervisora! Nossa, acho que ela me amava, porque não era possível. Mas tá, muitas vezes eu pedia pra ser repreendida e abusava das desculpas - quase - esfarrapadas. Era complicado, ainda que fosse mais aerado. Eu fui ganhando liberdade outra vez. Mas... (quantos 'mas' possui este texto? te desafio a contar)... então, eu caí lá no fundinho do poço de novo quando conquistei meus maravilhosos 18 anos. Oh, que idade simbólica, meramente simbólica. Nada muda muita coisa, a não ser as pessoas dizendo "você já tem 18 anos e lalalala blablabla nhenhenhe nhe". Na verdade acho que foi na transição dos 18 para os 19.
Desde muito antes eu já nutria paixões platônicas, mas agora eu era uma pessoa perigosa, eu estava disposta a ir atrás delas, custasse o que custasse. Quebrei a cara, lógico, que outra resposta poderia se esperar? Em troca eu ganhei boas doses de aventura. Me relacionei -quase- amorosamente com algumas pessoas, quebrei a cara de novo. De novo. E de novo. Colecionei mais algumas paixões platônicas. Insisti em quem não deveria insistir. Descobri uma in fi ni da de de maneiras para proporcionar diversão. Aliás, esqueci de mencionar que a primeira vez que fiquei bêbada foi aos 18 anos. Sim, eu pulei a adolescência "convencional". Digamos que ela começou nessa época aí.
Com o passar do tempo fui agregando valor ao meu sentimento perante a vida. Queria estar viva. Sentia enorme vontade de enveredar por alguns caminhos, mas não investigava as possibilidades. Muitas vezes voltei a me culpar. Acontece. Passei pela crise dos 21, que irei chamar carinhosamente de "Ou vai, ou racha", aquele momento que você precisa, realmente, refletir qual caminho quer tomar, se quer mesmo tomar e o que está disposta a fazer para realizar os próprios sonhos. Daí você é obrigada, obrigada mesmo, a crescer. E meu bem, isso dói. E desculpe, mas o que vem depois não são só flores. Tem muito espinho envolvido nessa roseira da vida. A gente tem que aprender a lidar, a ter cuidado, a respeitar as emoções, entende-las, sublima-las, permiti-las e deixa-las ir. Temos que entender que algumas ilusões vão virar pó. Que as pessoas vêm com a mesma frequência que vão. Que o amor muitas vezes vai ser unilateral, talvez, com muita sorte, incondicional.
Hoje, aos 24 anos, pisciana, ascendente em leão, lua em gêmeos e muita coisa pra fazer, acho que ainda não sei quase nada. Ainda choro sozinha as vezes. Muitas vezes. Detesto chorar em público. Ainda falo mal da amiguinha vezenquando, mas depois me sinto péssima por isso e percebo que algumas certezas são na verdade projeções. Percebo que numa discussão entre duas pessoas, nem sempre uma precisa estar errada para que a outra esteja certa. Continuo me apaixonando platônica e intensamente. Entendo que há dias em que tudo vai parecer uma bosta, mas noutros dias a luz se fará presente, e nesses momentos penso "aproveita, gata, aproveita que depois passa". Acho que é isso. É essa a vibração. A energia. A frequência. É isso de aproveitar intensamente o momento, treinando a presença total, com o coração exposto pra fora.

"É tudo uma questão de manter a mente quieta, o coração tranquilo e a espinha ereta."

Vivo pela curiosidade.

universo quantico

Tô num momento que não sei qual caminho seguir, qual linguagem e estética irei pesquisar nesses próximos 200 anos.
Enquanto isso a efervescente vontade de teatralizar está corroendo todos os órgãos e rebatendo na alma. É bom e é ruim.
Bom porque há uma infinidade de inquietudes borbulhantes (acho que elas se localizam no estômago, feito borboletas querendo voar). Ruim porque sinto que estou me dividindo em várias pequenas partes, e cada uma delas segue por um caminho diferente. (Sabe que até a parte ruim agora me parece boa? Deve ser essa mania de querer ver o lado bom de tudo.)
Porém, contudo, entretanto, toda via, tenho a certeza absoluta de que das artes jamais me afastarei.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Do que sabemos sem saber que sabemos

Tô com saudades. Eu não deveria estar. Mas estou. O que posso fazer?
Dizer que tentei abafar as erupções internas vai adiantar? Acho que não. Aliás, tentei em vão.
Eu diria que "a coisa" aqui dentro foi crescendo. A cada dia eu dizia: veja bem, vá devagar, não se iluda! E adianta? Claro que não. Tem coisa na vida que quanto mais você tenta evitar, com mais frequência e intensidade elas acontecem.
"Estas pediendo el tiempo pensando..."
Será inevitável mesmo isso de cair dentro de uma situação da qual você sabe que vai sair mal? Ou no mínimo com saudade e com vontade (muita vontade) do que nunca aconteceu?
Vem cá: isso de que com a idade a gente vai aprendendo a não se iludir é pura lorota, né não? Eu tô achando que é.
A gente sabe que tem que pegar a via da direita, mas acaba indo pela esquerda só pra ver o que acontece, assim, por curiosidade, pra alcançar aquelas incertezas inesperadas que resultam em fagulhas de...de...seilá, amor.