sexta-feira, 6 de junho de 2014

Preciso precisamente de precisão.

Me irrito profundamente quando não acerto os movimentos da dança. Quando vejo que fiz tudo errado e que até um boneco de posto faria melhor. Graça? Leveza? Elegância? Pulei essa fase, pelo visto.
Ah, eu fervo por dentro. Minha vontade é sair gritando, quebrar alguma coisa e dar um tapa na minha própria cara. Mas há alguns anos venho contendo essa explosão. Respiro, canalizo, simplifico. Por dentro estou lutando contra mim mesma, por fora estou neutralizando as energias. Energias essas que são potencialmente destrutivas. Ou construtivas. Whatever.
Como é difícil ser precisa. Quando me olho no espelho, vejo que fiz tudo errado e que estou toda torta. (Eu sei que tá uma bosta.) Não consigo pegar a sequência. Como se apinham essas informações! Todo mundo faz bonitinho, mas eu fico lá perdida entre os anéis de Saturno. Juro que presto atenção. O que há de errado comigo? Qual é o defeito que impede esse corpo de ser preciso? Alguma trava psicológica? Eu não sei. Gritei sem som.
Gritei sem som inúmeras vezes nessa minha vida. Continuo gritando. Ninguém me ajuda. Ou é por estar gritando sem som que ninguém me ajuda? Eu não sei. Eu realmente não sei.
Tem gente que vai tão leve. Eu continuo de fraque.
Me sinto divida em duas pessoas: uma que faz e outra que observa. E ainda há uma terceira: a que julga. E julga sem piedade.
A raiva contida as vezes me faz realizar os movimentos de forma mais fluente. Quando estou livre para me mover como quero, então flui. Flui até o momento que percebo estar sendo ridícula. Aí fica tudo mecânico.
MEU ZEUS!
Em casa sai tudo fluente, magnífico, preenchido! Diante os olhares alheios eu me perco, faço movimentos mecânicos com medo de errar. Com medo de ser feio. As vezes não. As vezes me liberto. Principalmente de olhos fechados.
Na adolescência eu me lembro de querer me encaixar em algum lugar. Me faltava aquele sentimento de pertencer. E hoje eu revivo essa vontade anexada à vontade de me encaixar em mim mesma.
Sou um desequilíbrio que se equilibra na corda bamba feita de éter.

Me falta a precisão. Onde encontro a precisão? Pra qual universo ela fugiu? Será que é loucura?
Ela se foi.
Para uma excursão em companhia de absolutamente ninguém.
Para as montanhas, aonde mais?

1 comentários:

Unknown disse...

Ao invés de buscar precisão, busque o que precisa!

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