Eu deveria
estar fazendo uma resenha, mas estou aqui filosofando sobre a vida. Há
pensamentos que só se calam depois de serem despejados sobre o papel (no caso,
um papel virtual). E aí, pausa na vida: queremos ter o controle de tudo, não é
mesmo?
É sim. E
quanto mais nós tentamos controlar os acontecimentos, piores eles se sucedem. Há
um bom tempo resolvi viver no modo ‘let it be’, e para a minha surpresa: as
coisas têm acontecido de uma forma espontânea, numa cadência bonita. Para todos
os cantos que olho, as pessoas estão sendo sugadas por pequeno e poderoso
aparelho, que as faz desperdiçar energia em uma realidade apática. Contam os
segundos, os minutos, as horas, os dias. Passam-se semanas, meses, anos e
décadas. Lá estão elas: preocupadas em se ocupar de passado e futuro, quando esses
dois nem sequer existem. O único momento que temos é o presente, só nele
podemos desfrutar da intuição, que não é um dom, mas sim uma capacidade de
todos os seres, porem poucos buscam aguçar essa forma de percepção.
Dentro
dessa obsessão por controle comentemos um erro grave: tentar controlar pessoas,
imaginar suas ações e respostas mentalmente e nos darmos ao direito de ficarmos
chateados quando elas não correspondem ao ‘roteiro mental’. A subjetividade nos prega cada peça, fica
difícil ser imparcial diante alguma coisa sem dar o nosso tom. Ficamos ali
criando milhares de expectativas e quando estamos no presente, ligamos nossas
mentes ao passado para agradar no futuro e consequentemente acabamos
fracassando e levando uma dose de tristeza nas costas. Por outro lado, se nada
estivermos esperando (e olha, é difícil chegar nesse ponto, um exercício diário)
poderemos nos deparar com surpresas agradáveis que preenchem a alma com uma
bela luz.
Incrível
imaginar que ao escrever esse texto estou atravessando o espaço, chegando até
outros pensadores, por meio de ondas eletromagnéticas, sem sair
da cadeira. Decidi ser atemporal. Decidi que meu corpo não tem idade. Decidi
que números não dizem quem eu sou. Enxergo-me na própria contradição, no meio
da confusão, perdida entre dimensões desconhecidas, quebrando a corrente que me
enforca nesse sistema, me doendo nas dores alheias, sentindo que existo em
outros olhares e os outros olhares em mim, encontrando luz em cantos obscuros.